quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

HARMONIA 2004



Desejo a todos os leitores deste blog um harmonioso 2004, tudo de bom e oiçam boa música. Feliz Ano Novo!

domingo, 28 de dezembro de 2003

PRÉMIOS

Já tinha pensado em atribuir prémios do ano aqui no ''Abaixo de Cão'', mas depois dos Globos de Ouro do Barnabé não sei se vale a pena...

sábado, 27 de dezembro de 2003

VENTO TROPICAL, NESTE MOMENTO ELIS ENCHE O MEU PEQUENO MUNDO


Sai Dessa

Sonhei que existia uma avenida
Sem entrada e sem saída
Prà gente comemorar

Toda hora, todo o dia, toda vida
Na tristeza e na alegria
Sem platéia e sem patrão

Hoje eu sonhei que cerveja sai na bica
No banheiro não tem fila
Nem existe contramão
Que o trabalho é ali na nossa esquina
E depois do meio dia
Nem polícia nem ladrão

Sonhei, como faço todo o dia
Como você não sabia
Meu senhor não levo a mal

A beleza, o amor, a fantasia
O que tece e o que desfia
Não se aprende no jornal

Hoje eu sonhei
Mas não vou pedir desculpa
E nem vou levar a culpa
de ser povo e ser artista

Sem essa, moço,
Por favor não crie clima
seu buraco é mais em baixo
Nosso astral é mais em cima

Voz: Elis Regina.
Música: Ana Terra - Letra: Nathan Marques.
Album: "Elis" 1980.
Ilustração do artista brasileiro Antonio Fernando dos Anjos.

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Elis Regina, insubstituível.
COMECEI A USAR O SÓTÃO

Depois do pedido de ajuda que recebi via email, querendo saber como colocar imagens no blog, ocorreu-me a ideia do Sótão. Neste anexo do ''Abaixo de Cão'' serão publicados truques úteis para os blogs e outros textos ''técnicos'' demasiado áridos.
Já lá estão as instruções para se conseguir ter, no blogspot.com, o título do blog (e a descrição) com acentos. Também encontrarão a forma de colocar imagens e ''links'' em qualquer blog.
Espero que alguém ache alguma utilidade ao meu novo cantinho.

PS: Antes de fazer alguma mudança importante no seu blog, efectue sempre uma cópia de segurança.

terça-feira, 23 de dezembro de 2003

MARIA HELENA



Vieira da Silva, ''Bibliotèque'' 1952.
Ampliação aqui

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A todos os leitores do ''Abaixo de Cão'' um feliz Natal!

domingo, 21 de dezembro de 2003

O COSMOS, O QUE É?


Galáxia Messier 81 (Constelação Ursa Maior) a ''apenas'' 12 milhões de anos-luz da Terra.


Nébula IC 1396 (Constelação de Cefeu).

Fotografias compósitas de quatro cores representando luz invisível de vários comprimentos de onda, foram tiradas em 18 de Dezembro pelo novo telescópio espacial Spitzer. Usando detectores infravermelhos consegue penetrar nas poeiras cósmicas permitindo assim observar com muito mais pormenor os fenómenos celestes.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

POUPANÇA



Depois da desastrosa interpretação (segundo consta) da Oratória de Natal na Gulbenkian, diz o Crítico ''Se eu tivesse um bilhete comprado para dia 19 de Dezembro e gostasse mesmo de Bach, tocado a sério, com paixão e alma, tentaria vender o bilhete e compraria uma boa interpretação desta obra para ouvir em casa...''.
Parece que poupei dinheiro com a compra que fiz há cinco anos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

NOVELA DA TVI?

Vi agora na RTP2 parte deste programa assim resumido no ''Público TV'':
''23:00 - Resurrection
Segundo e último episódio de uma mini-série baseada numa obra de Leon Tolstoi e realizada pelos irmãos Taviani, que relata uma história de amor entre o príncipe Neckludjov e a prostituta Katjusha Maslova.''

Irmãos Taviani?! Que coisa tão mal dirigida e com actores tão maus! A este nível só me lembro de novelas da TVI, ou então mexicanas.
1903, UM SONHO REALIZADO



17 de Dezembro de 1903.
CORAÇÃO SEM-ABRIGO III

Outros terão
Um lar, quem saiba, amor
...

Outros terão
Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
A inteira, negra e fria solidão
Está comigo.

A outros talvez
Há alguma coisa quente, igual, afim
No mundo real. Não chega nunca a vez
Para mim.

"Que importa?"
Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
Nem um casual mendigo à minha porta
Sentar-se veio.

"Quem tem de ser?"
Não sofre menos quem o reconhece.
Sofre quem finge desprezar sofrer
Pois não esquece.

Isto até quando?
Só tenho por consolação
Que os olhos se me vão acostumando
À escuridão.

Fernando Pessoa, 13-1-1920.
CORAÇÃO SEM-ABRIGO II

ANIVERSÁRIO

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui --- ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça,
com mais copos,
O aparador com muitas coisas - doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado---,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Álvaro de Campos, 15-10-1929
CORAÇÃO SEM-ABRIGO I

Paisagem de chuva

Toda a noite, e pelas horas fora, o chiar da chuva baixou. Toda a noite, comigo entredesperto, a monotonia liquida me insistiu nos vidros. Ora um rasgo de vento, em ar mais alto, açoitava, e a água ondeava de som e passava mãos rápidas pela vidraça; ora com som surdo só fazia sono no exterior morto. A minha alma era a mesma de sempre, entre lençois como entre gente, dolorosamente consciente do mundo. Tardava o dia como a felicidade - àquela hora parecia que também indefinidamente.
Se o dia e a felicidade nunca viessem! Se esperar, ao menos, pudesse nem sequer ter a desilusão de conseguir.
O som casual de um carro tardo, áspero a saltar nas pedras, crescia do fundo da rua, estralejou por debaixo da vidraça, apagava-se para o fundo da rua, para o fundo do vago sono que eu não conseguia de todo. Batia. de quando em quando, uma porta de escada. Às vezes havia um chapinhar liquido de passos, um roçar por si mesmos de vestes molhadas. Uma ou outra vez, quando os passos eram mais, soava alto e atacavam. Depois, o silêncio volvia, com os passos que se apagavam, e a chuva continuava, inumeravelmente.
Nas paredes escuramente visiveis do meu quarto, se eu abria os olhos do sono falso, boiavam fragmentos de sonhos por fazer, vagas luzes, riscos pretos, coisas de nada que trepavam e desciam. Os móveis, maiores do que de dia, manchavam vagamente o absurdo da treva. A porta era indicada por qualquer coisa nem mais branca, nem mais preta do que a noite, mas diferente. Quanto à janela, eu só a ouvia.
Nova, fluida, incerta, a chuva soava. Os momentos tardavam ao som dela. A solidão da minha alma alargava-se, alastrava, invadia o que eu sentia, o que eu queria, o que ia sonhar. Os objectos vagos, participantes, na sombra, da minha insónia, passam a ter lugar e dor na minha desolação.

in ''O Livro do Desassossego'' de Bernardo Soares [Fernado Pessoa]

terça-feira, 16 de dezembro de 2003

SEBASTIÃO SALGADO



Sendo o ''Abaixo de Cão'' um verdadeiro serviço público fica aqui a sugestão de um excelente site sobre fotografia.
Sebastião Salgado é, com toda a justiça, universalmente reconhecido como um dos grandes fotógrafos da História.
Com sensibilidade e excepcional talento tem retratado as migrações humanas por todo o planeta procurando sempre demonstrar que ''...a verdadeira família humana só poderá ser construída se tiver como alicerces a solidariedade e a partilha''.
Encontrarão um resumo da obra do grande fotógrafo no ''Legends Online - Sebastião Salgado''

A fotografia aqui apresentada (trágica e bela) retrata refugiados do enclave bósnio de Biack no campo de Turanj na Kraina em 1994. Ampliação aqui.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

MAIS ABAIXO

Constato que ultimamente, neste blog, tem havido muita ironia e maldizer; apesar de serem essas também características do ''Abaixo de Cão'' quero recordar que, mais abaixo, encontram ''posts'' sobre Ary dos Santos, Cesariny, Wagner, Piazzolla, Coltrane, Pessoa, Torga, Brahms, Alexandre O'Neil, Brasaï e muitos, muitos outros grandes representantes da espécie humana.
É VERDADE



Não queria que se soubesse (especialmente por causa das crianças), mas depois de ter feito a revelação num comentário do blog das Trutas espalhou-se a notícia como fogo em palha seca. No Blogotinha sou referido como a fonte e para não baralhar quem cá vem ver aqui fica toda a verdade.

O sr. Bush capturou o Pai Natal que gozava de umas curtas férias antes do louco período natalício, farto do frio da Lapónia e do Pólo Norte decidiu ir para o deserto trabalhar para o bronze. Não é que estando a dormir descansadinho no seu T1 lhe entram uma data de americanos a perguntar "speak english? are you Saddam?", como o velhote só sabe falar Lapão (!) prenderam-no argumentando que ''quem cala consente''.
Miúdos e graúdos, lamento informar mas este Natal ''não há prendas p'ra ninguém''.

P.S: Pode ser que o Crítico esteja certo e tenha sido a GNR a capturar o verdadeiro Saddam, nesse caso o Pai Natal não foi preso, dia 25 veremos.

PS2: O fulano que apanharam está sujeito à pena de morte, se for o Pai Natal quero ver quem cala os miúdos.

PS3: O PS2 não é patrocinado pela Sony.
ESTATUTOS

Neste blog:

1- Conforme sabem, lerão sobre música, literatura, arte, política, Internet, ciência, a tragicomédia humana, sobre tudo e sobre nada, mas principalmente sobre o cidadão português, sempre tratado... abaixo de cão.

2- Não serão nunca, jamais, em tempo algum, defendidos ideais caros aos facho-blogs.

3- Apesar de ser o Ferrari dos filósofos, Wittgenstein será citado quando for absolutamente necessário.

4- Uma vez que o saudoso TV Rural jamais voltará à televisão, serão aqui analisados os problemas da PAC em geral e da agricultura portuguesa em particular. Quando se esgotarem todos os assuntos, evidentemente.

5- Jamais lerão ''posts'' sobre o Animatrix, o Matrix I, II, III, XVI, XXII ou CIX (excepto se for para falar mal).

6- Não se elogiará a torto e direito o Tarantino; cá para mim, os filmes dele são uma desculpa para os intelectuais verem filmes de porrada.

7- Em qualquer altura poderão ser acrescentados mais artigos (também não me lembro de mais nada neste momento). Os artigos existentes poderão ser alterados, excepto o 2 que só será modificado no caso do autor deste blog sofrer uma forte pancada na cabeça.
SUGESTÃO



Ó sr. Bush! depois da captura do ditador iraquiano vai querer, certamente, deitar a mão ao déspota da foto (do lado esquerdo). Pode crer que armas de destruição maciça não lhe faltam.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

IMAGEM

de ontem, era a reprodução da primeira fotografia jamais tirada. O seu autor foi Joseph Niépce em Junho (ou Julho) de 1827. Sendo difícil de decifrar reproduz o que o autor via da janela de sua casa. A sua exposição demorou mais de oito horas!
Estava assim aberto o caminho para o nosso mundo onde a imagem impera.
Enfim... uma curiosidade.

PS: ''Imagem de ontem, era..." mas onde é que eu já li isto?!
PENSAVAM?

Não haja dúvida, Santana Lopes é um político de visão. Gasta milhões no túnel do Marquês e entope o centro de Lisboa com automóveis, mas a partir de Janeiro vai começar a cobrar taxa de circulação na Baixa. Pensavam que o homem era doido, era?
PODE?

Como não sei responder deixo aqui a pergunta. Ali o café do Marques pode passar a fundação?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

NIÉPCE



Curiosidade.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2003

ARY

Poeta Castrado, Não!

Serei tudo o que disserem

por inveja ou negação:

cabeçudo dromedário

fogueira de exibição

teorema corolário

poema de mão em mão

lãzudo publicitário

malabarista cabrão.

Serei tudo o que disserem:

Poeta castrado não!

Os que entendem como eu

as linhas com que me escrevo

reconhecem o que é meu

em tudo quanto lhes devo:

ternura como já disse

sempre que faço um poema;

saudade que se partisse

me alagaria de pena;

e também uma alegria

uma coragem serena

em renegada poesia

quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu

a força que tem um verso

reconhecem o que é seu

quando lhes mostro o reverso:

De fome já não se fala

- é tão vulgar que nos cansa -

mas que dizer de uma bala

num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história

- a morte é branda e letal -

mas que dizer da memória

de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser

o poema dia a dia?

- um bisturi a crescer

nas coxas de uma judia;

um filho que vai nascer

parido por asfixia?!

- Ah não me venham dizer

que é fonética a poesia !

Serei tudo o que disserem

por temor ou negação:

Demagogo mau profeta

falso médico ladrão

prostituta proxeneta

espoleta televisão.

Serei tudo o que disserem:

Poeta castrado, não!


Ary dos Santos

in SANTOS, Ary dos. - Resumo. Lisboa, 1973.
CESARINY

You Are Welcome To Elsinore

You Are Welcome To Elsinore

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam

e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós

e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o
amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar


*


Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura


Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco.



Mario Cesariny de Vasconcelos

domingo, 7 de dezembro de 2003

POST-IT

Não esquecer, actualizar a lista de blogues.

sábado, 6 de dezembro de 2003

PEDIDO

Queria pedir a todos aqueles que ainda tiverem um "link" para o "Abaixo de Cão" com o endereço antigo (abaixodecao.blogger.com.br) que o actualizassem para abaixodecao.blogspot.com .
Os leitores vêm cá parar na mesma, mas assim fico com menos ''links" e com pior classificação nos ''tops'', não serve para nada mas faz sempre bem ao ego.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2003

EM SEARA ALHEIA



Que me desculpe o Crítico por abordar o mesmo assunto, sendo ele um especialista e eu um curioso, mas o meu Tristão é este: Windgassen, Nilsson, Talvela, Wächter,
Ludwig, Heater; Chor und Orchester der Bayreuther Festspiele 1966, Karl Böhm.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2003

TRÊS DIAS É MUITO TEMPO

O ministro Bagão Felix, perante a pergunta de uma jornalista sobre o atraso de três dias no pagamento do subsídio de desemprego, responde que não responde a uma questão menor (com o ar arrogante a que já nos habituou).
Sr. ministro! Três dias para quem não tem outra fonte de rendimento é muito tempo, três dias para quem tem contas para pagar é muito tempo, três dias para quem tem crianças para alimentar educar e vestir é muito tempo, três dias para quem tem que contar cada cêntimo é muito tempo.
Mais valia ter dito o que estava a pensar "já têm muita sorte em receber algum dinheiro, cambada de parasitas que vivem à conta do Estado! (Estado que nem devia existir como diria São Milton Friedman)".

segunda-feira, 1 de dezembro de 2003

SIDA

No ''Público''

Eurobarómetro especial, por ocasião do dia de luta contra a doença
Sida: Um em cada sete portugueses acredita que apertar a mão pode contagiar !!!!

PS:Os pontos de exclamação são meus.
SÍTIOS QUE NUNCA VI, TEMPOS QUE NUNCA VIVI - Buenos Aires







Uma das memórias mais vívidas que guardo foi ouvir Piazzolla ao vivo, fiquei tão hipnotizado que nem consegui aplaudir. Através daquela música lancinante, terna, feroz, lânguida, sensual, viajei até à Buenos Aires, cidade que nunca vi.

Cidade de imigrantes, de culturas díspares que foram forjando uma identidade única e inconfundível. O tango é a expressão dessa maneira de ser, é a nova Terra Prometida, é a dignidade, é o amor insano, é a ''Semana Trágica'', é Gardel, é Perón, é Evita, é a agitação social, é a ''Guerra Sucia'', é a voz de ''Las Madres de la Plaza de Mayo'', é a promessa da democracia, é a corrupção dos políticos e a crise económica, é uma criança vítima da fome.

Piazzolla transformou radicalmente a face do tango. ''Para mim o tango foi sempre mais para o ouvido do que para os pés'' dizia, resumindo assim a sua aproximação a um estilo tradicionalmente dançado. Carlos Gardel, o outro grande nome da história deste género musical, conhece o jovem Astor em Nova York (onde este vivia desde os três anos) e impressionado com o seu talento contrata-o para tocar no filme ''El Dia Que Me Quieras''.
Regressa a Buenos Aires em 1937 onde vai tocando em vários agrupamentos enquanto estuda música clássica com Alberto Ginastera. Escreve várias composições sinfónicas, uma das quais lhe ganha uma bolsa para estudar em Paris com Nadia Boulanger. A grande professora, perante as suas hesitações e ambivalências, encoraja-o a reencontrar as suas raízes, o tango e o bandoneon.

Era a voz que muitos não queriam ouvir, ''estava a tirar-lhes o tango, o seu velho tango''. A fúria era tão grande que um dia, enquanto dava uma entrevista na rádio, um cantor de tango irrompeu estúdio adentro apontando uma pistola à cabeça de Piazzolla.
Em 1955, depois de regressar à bela capital argentina, formou um octeto radical que incluía uma viola eléctrica. Levaram o tango para os domínios da música de câmara sem cantor ou dançarinos. Os media e as editoras discográficas fizeram a vida negra ao grupo que duraria apenas três anos, todavia Piazzolla fizera um corte decisivo com a tradição.
Volta a Nova York onde experimenta a fusão do jazz e do tango sem muito sucesso. De regresso a casa em 1960 forma vários quintetos e inicia o seu período mais produtivo escrevendo então muitas das suas peças clássicas tais como a triologia ''Angel''. Tendo experimentado vários formatos foi, porém, a combinação de bandeneon, contrabaixo, violino, piano e viola eléctrica, que veio a ser a sua favorita. Outros agrupamentos que estimava incluíram os seus sextetos e o mais radical e efémero ''Conjunto9'' que ficou famoso pela versão de ''Buenos Aires Hora Cero'' de 1983; esta peça (muitas vezes gravada) evoca essas noites em que ele e os seus colegas faziam uma pausa vagueando pelas ruas desertas antes de retomarem os ensaios que se estendiam até às quatro ou cinco da manhã.
Uma das mais conhecidas peças é, sem dúvida, o Libertango; Piazzolla escreveu-a para o seu segundo quinteto, o mais universalmente aclamado entre 1978 e 1988. Pouco depois da dissolução do quinteto sofre um forte ataque que o leva à morte em 4 de Julho de 1992.

A sua obra será sempre um testemunho de um homem que nunca cedeu à facilidade e que soube elevar o tango à categoria de música universal.

quinta-feira, 27 de novembro de 2003

JAZZ


Coltrane, sax.
SOBRE A ARTE NESTE BLOGUE

Não sei escrever, não sei pintar, não sei arquitectar, não sei coreografar, não sei dançar, não sei fotografar, não sei representar , não sei encenar, não sei realizar, não sei compor, não sei cantar ou tocar, não sei esculpir, não sei criticar.

Por isso evoco os que sabem escrever, os que sabem pintar, os que sabem arquitectar, os que sabem coreografar, os que sabem dançar, os que sabem fotografar, os que sabem representar, os que sabem encenar, os que sabem realizar, os que sabem compor, os que sabem cantar ou tocar, os que sabem esculpir, os que sabem criticar.
Por isso evoco quem cria Arte, esse bem de primeira necessidade.
CURIOSIDADE

Descobri num site (que não me apetece dizer qual é) esta tradução para chinês da Autopsicografia do Pessoa.


Tradução e anotações de
Zhang Weimin

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa
28.02.1929

quarta-feira, 26 de novembro de 2003

TORGA

Queixa

Vida!
Que te pedi a mais
Que um mortal não mereça?
Ou queres que nenhum filho
Conheça
A plenitude?
Pude
O que me consentiste.
Mas vou triste
Do mundo.
Cavei,
Cavei,
E abri um poço sem chegar ao fundo.

(1988)

terça-feira, 25 de novembro de 2003

SONS PARA HOJE III



Os dois Concertos para Piano de Brahms, por Emil Gilels no piano e a Filarmónica de Berlim sob a direcção de Eugen Jochum.
IRRITANTE

Como a Dª Vitriólica já referiu, porque é que a maioria dos anúncios a telemóveis são, ultimamente, tão irritantes?
INJUSTO

Diz o ministro das finanças alemão, sobre a violação do Pacto de Estabilidade, que seria injusto para o seu povo fazer cortes no orçamento, prejudicando as prestações sociais e aumentando os impostos. Só não percebo porque tal situação não é injusta para o povo português.
PRIORIDADES

Seis horas de espera, em média, nas urgências pediátricas do "Dª Estefânia"; quatro médicos (quatro!) num serviço essencial de um hospital central.
Assim se vêm as prioridades do (des)Governo que temos.
VÍTIMA DA CRISE

Será que este homem nunca mais deixa de ter motivos para manter o blog?


PARECENDO QUE NÃO...

...sabe sempre bem receber um elogio (ainda por cima sendo incluído nos "Blogues do Prazer").
ALEXANDRE O'NEIL

Há Palavras que nos Beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Um Adeus Português

Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz dos ombros pura e a sombra
duma angústia já purificada
Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensangüentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor

Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver

Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual

Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal

Mas tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser

Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio [puro
sem a moeda falsa do bem e do mal

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti


Alexandre O'Neil
Poesias Completas
Assírio & Alvim, Lisboa, 2000.

segunda-feira, 24 de novembro de 2003

JORGE PALMA (APETECEU-ME II)

Dá-me Lume

Chegaste com três vinténs
E o ar de quem não tem
Muito mais a perder
O vinho não era bom
A banda não tinha tom
Mas tu fizeste a noite apetecer
Mandaste a minha solidão embora
Iluminaste o pavilhão da aurora
Com o teu passo inseguro
E o paraíso no teu olhar

Eu fiquei louco por ti
Logo rejuvenesci
Não podia falhar
Dispondo a meu favor
Da eloquência do amor
Ali mesmo à mão de semear
Mostrei-te a origem do bem e o reverso
Provei-te que o que conta no universo
É esse passo inseguro
E o paraíso no teu olhar

Dá-me lume, dá-me lume
deixa o teu fogo envolver-me
até a musica acabar
dá-me lume, não deixes o frio entrar
faz os teus braços fechar-me as asas
há tanto tempo a acenar

(...)

Letra e música de Jorge Palma, 1989.

Versão integral.

domingo, 23 de novembro de 2003

ASSIM SIM

Assim sim Crítico.

BRASSAÏ


''Notre Dame'' 1933. Todas as fotografias são do livro ''Paris de Nuit'' do fotógrafo Brassaï (Gyula Halasz), ampliação aqui.


"Gare du Palais-Royale" 1933, ampliação aqui.


''Place de L'Opera'' 1933, ampliação aqui


''Prostitute au coin de la Rue de la Reynie avec la Rue Quincampoix'' 1933 ampliação aqui

Mais uma vez a Fotografia regressa a este blog. Hoje escrevo sobre o fotógrafo Brassaï (1900-1984) essa coruja da noite parisiense. Nascido Gyula Halasz, de nacionalidade húngara, chegou aos vinte e três anos a Paris adoptando o nome de Brassaï (em honra da sua cidade natal Brasso, na Transilvânia, hoje pertencente à Roménia).
Recordado por muitos pela Paris sinistra que ele descrevia como um ''mundo de prazer, de amor, vício, crime, drogas'' não se restringiu só a essa face; fotografou igualmente o mundo mais largo e familiar em que também se movia.
''Tal como as aves e animais nocturnos trazem a floresta à vida quando a fauna diurna regressa às tocas, assim a noite numa grande cidade tira dos seus abrigos uma população inteira que vive sob o manto da escuridão".

quarta-feira, 19 de novembro de 2003

''POST'' PARA NINGUÉM LER, QUE SE LIXE O SITE METER!

The Raven
by Edgar Allan Poe

Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of someone gently rapping, rapping at my chamber door.
" 'Tis some visitor," I muttered, "tapping at my chamber door;
Only this, and nothing more."


Ah, distinctly I remember, it was in the bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow; vainly I had sought to borrow
From my books surcease of sorrow, sorrow for the lost Lenore,.
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore,
Nameless here forevermore.


And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me---filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating,
" 'Tis some visitor entreating entrance at my chamber door,
Some late visitor entreating entrance at my chamber door.
This it is, and nothing more."


Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
"Sir," said I, "or madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is, I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you." Here I opened wide the door;---
Darkness there, and nothing more.


Deep into the darkness peering, long I stood there, wondering, fearing
Doubting, dreaming dreams no mortals ever dared to dream before;
But the silence was unbroken, and the stillness gave no token,
And the only word there spoken was the whispered word,
Lenore?, This I whispered, and an echo murmured back the word,
"Lenore!" Merely this, and nothing more.


Back into the chamber turning, all my soul within me burning,
Soon again I heard a tapping, something louder than before,
"Surely," said I, "surely, that is something at my window lattice.
Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore.
Let my heart be still a moment, and this mystery explore.
" 'Tis the wind, and nothing more."


Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter,
In there stepped a stately raven, of the saintly days of yore.
Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he;
But with mien of lord or lady, perched above my chamber door.
Perched upon a bust of Pallas, just above my chamber door,
Perched, and sat, and nothing more.


Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,
By the grave and stern decorum of the countenance it wore,
"Though thy crest be shorn and shaven thou," I said, "art sure no craven,
Ghastly, grim, and ancient raven, wandering from the nightly shore.
Tell me what the lordly name is on the Night's Plutonian shore."
Quoth the raven, "Nevermore."


Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,
Though its answer little meaning, little relevancy bore;
For we cannot help agreeing that no living human being
Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door,
Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door,
With such name as "Nevermore."


But the raven, sitting lonely on that placid bust, spoke only
That one word, as if his soul in that one word he did outpour.
Nothing further then he uttered; not a feather then he fluttered;
Till I scarcely more than muttered, "Other friends have flown before;
On the morrow he will leave me, as my hopes have flown before."
Then the bird said, "Nevermore."


Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken,
"Doubtless," said I, "what it utters is its only stock and store,
Caught from some unhappy master, whom unmerciful disaster
Followed fast and followed faster, till his songs one burden bore,---
Till the dirges of his hope that melancholy burden bore
Of "Never---nevermore."


But the raven still beguiling all my sad soul into smiling,
Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird, and bust and door;
Then, upon the velvet sinking, I betook myself to linking
Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore --
What this grim, ungainly, ghastly, gaunt and ominous bird of yore
Meant in croaking "Nevermore."

Thus I sat engaged in guessing, but no syllable expressing
To the fowl, whose fiery eyes now burned into my bosom's core;
This and more I sat divining, with my head at ease reclining
On the cushion's velvet lining that the lamplight gloated o'er,
But whose velvet violet lining with the lamplight gloating o'er
She shall press, ah, nevermore!


Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer
Swung by seraphim whose footfalls tinkled on the tufted floor.
"Wretch," I cried, "thy God hath lent thee -- by these angels he hath
Sent thee respite---respite and nepenthe from thy memories of Lenore!
Quaff, O quaff this kind nepenthe, and forget this lost Lenore!"
Quoth the raven, "Nevermore!"


"Prophet!" said I, "thing of evil!--prophet still, if bird or devil!
Whether tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,
Desolate, yet all undaunted, on this desert land enchanted--
On this home by horror haunted--tell me truly, I implore:
Is there--is there balm in Gilead?--tell me--tell me I implore!"
Quoth the raven, "Nevermore."


"Prophet!" said I, "thing of evil--prophet still, if bird or devil!
By that heaven that bends above us--by that God we both adore--
Tell this soul with sorrow laden, if, within the distant Aidenn,
It shall clasp a sainted maiden, whom the angels name Lenore---
Clasp a rare and radiant maiden, whom the angels name Lenore?
Quoth the raven, "Nevermore."


"Be that word our sign of parting, bird or fiend!" I shrieked, upstarting--
"Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore!
Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!
Leave my loneliness unbroken! -- quit the bust above my door!
Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!"
Quoth the raven, "Nevermore."


And the raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming.
And the lamplight o'er him streaming throws his shadow on the floor;
And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted---nevermore!


First Published in 1845
MUDANÇA?

Estou a ponderar seriamente mudar o endereço deste blog. O servidor está inacessível (para manutenção) demasiadas vezes. Normalmente quando eu quero ''postar''!!!

terça-feira, 18 de novembro de 2003

INTRIGANTE

Continuo a achar intrigante aquela Lei de Murphy que diz: "Quando nos enganamos a marcar um número de telefone, nunca está impedido".
BLOGUES NO MEU SITE

Estou a renovar a categoria "comunicar" no meu site (que me dá uma trabalheira desgraçada). Foram acrescentados recentemente alguns blogues e outros se seguirão. Ide ver e depois, se quiserdes, pedi para acrescentar o vosso blog que eu estudarei o assunto.
COMO NENHUM BLOG AINDA SE REFERIU A ESTA OBRA DECIDI FAZER UMA EVOCAÇÃO
(E A FOTO ATÉ É DECORATIVA) :p


CONSIDERAÇÕES SOBRE BLOGS VII

Certamente existe um significado literário ou filosófico, mas será que alguém me pode explicar os ''posts'' recentes da Bomba, tais como: ''Dong dong dongdong, dong dong dongdong, dong dong dongdooong...'' ''Di di didi, di di didi, di di didiiiiii...'' e ''Tu tu tutu, tu tu tutu, tu tu tutuuu...'' ?
IRRITAÇÕES DO QUOTIDIANO II

Moro relativamente perto de uma estrada de grande movimento. Todos os dias carrego no botãozinho e espero que o semáforo fique verde para os peões. Quase todos os dias vejo condutores que, tendo o sinal vermelho e peões a atravessar a passadeira, continuam com o pé na tábua. É como se houvesse uma placa a dizer:''Acelera, mata a velha / puto / gajo / gaja''.
Pensando melhor... vou lá ver se lá está a placa, como sou um bocado distraído posso não a ter visto.
Voltei! Não encontrei nada, só vi, uns metros antes dos semáforos, duas luzes amarelas intermitentes e uma chapa com: ''Atenção! Velocidade controlada''.
Não estou convencido, vou lá novamente com uma lanterna, está escuro, de certeza não vi bem...

domingo, 16 de novembro de 2003

CONSIDERAÇÕES SOBRE BLOGS VI

É impressão minha ou o Crítico raramente escreve sobre compositores do sec. XX?
SONS PARA HOJE II



''A Paixão Segundo São João'' de J.S. Bach.
The Choir of College Oxford, Collegium Novum, direcção: Edward Higginbottom

Uma interpretação viva, artesanal no nobre sentido do termo. A "autenticidade" com paixão.

PS:Quem quiser comprar não fica mais pobre, dois contos e quatrocentos por 2 cd's.
LISTA III

Actualização da lista aqui do lado direito.

Entrou este tipo que precisa de um tratamento psiquiátrico, mas apesar disso gosto das entrevistas que faz.

Esta senhora já tinha entrado há uns dias, é a visão doméstica do mundo embora me pareça, por vezes, muito sofisticada; o seu Cocó aparenta ser um animal muito sensato (aposto que muita gente citadina não sabe o que é um cocó).

Acrescentados também o ''Bengelsdorff'', o ''...Blogo Existo'' e o ''Malta da Rua''.
FALTAVA A ARTE FOTOGRÁFICA



Robert Doisneau "Le Violoncelliste" 1954
Quando a Música encontra a Fotografia...

Ampliação aqui.

sexta-feira, 14 de novembro de 2003

ENTÃO E A ARQUITECTURA NÃO CONTA?



Mies van der Rohe:
Neue National Galerie, Berlin, 1965-68.

quarta-feira, 12 de novembro de 2003

GIACOMETTI (APETECEU-ME)



Alberto Giacometti
Walking Man II, 1960.
ZONA SEGURA?

Era então a zona mais segura do Iraque? O Governo manda homens e mulheres ao encontro da morte para que as migalhas, deixadas pelos americanos, possam vir a engordar banqueiros e outros tubarões nacionais. Só espero que a proverbial sorte do português os acompanhe a todos.
I'M BACK

Ainda não foi desta que vocês se livraram de mim eheheh.

terça-feira, 11 de novembro de 2003

AUSÊNCIA FORÇADA II

Devido a uma avaria na minha zona, que me parece vai demorar a reparar, estou sem net em casa. Grrrrrrr odeio a PT.

sábado, 8 de novembro de 2003

SONS PARA HOJE

Música para ouvir hoje:


''Albert Herring''
de Benjamin Britten (1913-1976).
Com C.Gillet, J.Barstow, F.Palmer; Northern Sinfonia, direcção de Steuart Bedford.


''Homogenic'' álbum de Bjork
Editora Elektra.
Quando uma música intrinsecamente efémera vai resistindo ao tempo...

quinta-feira, 6 de novembro de 2003

PAZ E HARMONIA NO NOSSO DIA-A-DIA

Como a Truta Laranja decidiu não ver TV nem ler notícias por uns tempos, aqui vão três notícias importantíssimas para o país e para o mundo:
1- Os noivos mais famosos de Espanha deram uma conferência de imprensa. Ele mostrou os botões de punho que ela lhe ofereceu, ela mostrou o anel que ele lhe ofereceu. Que emocionado fiquei!
2- O José Castelo Branco, esse grande vulto da cultura portuguesa, está detido no DIAP; foi apanhado no aeroporto com jóias não declaradas. Ahahahah
3- Nas filmagens de uma novela da TVI as máquinas deixaram de funcionar repentinamente, uma actriz teve alterações de comportamento e até tiveram de chamar um padre! Parece que aconteceu tudo numa igreja antiga. A ''notícia'' foi apresentada, como sempre, 724 vezes ao longo do Jornal Nacional.
''Não perca, já a seguir! ''

Cara amiga Laranja, que exagero deixares de ver TV por causa da violência. Hoje, ao ligar o aparelho, a primeira coisa que vi foi um anúncio ao Renault Mégane em que um gajo salta de uma carrinha de cachorros quentes e desata aos tiros de metralhadora, outro gajo esconde-se atrás do carro que, entretanto, começa a fugir sozinho das rajadas. Como podes constatar és uma exagerada!
HOJE SOPHIA, CLARO!

Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, 5 de novembro de 2003

DESCULPEM LÁ

Desculpem lá, mas por muito que me expliquem não percebo como é que um cego faz relatos de futebol na R.D.P! Já sei que nos relatos se costuma exagerar, só que nunca pensei que exagerassem a 100%.
Claro que um árbitro cego não seria notícia, na classe quase todos são invisuais.
(Fonte: Jornal da Noite da S.I.C.)

terça-feira, 4 de novembro de 2003

DÚVIDA

Bem sei que a história da ''Time'' sobre Bragança está a passar de moda, mas tenho uma dúvida:
Uma casa de passe será um quiosque da Rodoviária ?
GRATUITO ?

Fala-nos o Crítico no novo serviço de blogs do Sapo . Tudo muito bonito, mas não tenham dúvidas que daqui a uns meses, depois de ter utilizadores suficientes, o serviço passa a ser exclusivo para clientes dos produtos da PT. Ver o que aconteceu com o serviço de ''Homepages'', com a página Tek, com os arquivos do DN e da TSF (isto ainda é só o princípio). Nos primórdios da Internet o espírito de comunidade aberta e a partilha era a regra; todavia as grandes multinacionais monopolistas, como a PT, estão a matar essa alma com a sua cegueira de lucro.

PS: Não quer dizer que não venha a usar o serviço, nunca digas ''desta água...''

segunda-feira, 3 de novembro de 2003

CARTA A MEUS FILHOS SOBRE OS FUZILAMENTOS DE GOYA



Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele iseja
aquele que eu desejo para vós. Um simples imundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que iadvém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o ivosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos ioutros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja isequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é ipossível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.

(...)

Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ininguém
vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.
É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de ifalar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez
alguém está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem iambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia

- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -

não hão-de ser em vão. Confesso que
muitas vezes, pensando no horror de tantos iséculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não isejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele iobjecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã».
E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas iveias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.

Lisboa, 25/6/1959

Jorge de Sena

Poesia II
Lisboa, Edições 70, 1988

Pintura ''El Tres de Mayo de 1808'' de Francisco de Goya, 1814

Ampliação aqui.

sábado, 1 de novembro de 2003

FRIDA II



''Frutos de la Tierra''. Frida Kahlo, 1938
Ampliação aqui.

sexta-feira, 31 de outubro de 2003

PUMPKINS

Para quem gosta de americanices aqui fica um sítio sobre o Halloween, filmes simples mas cativantes.

PS:Não esqueçamos que o Dia dos Namorados também é uma americanice.

quarta-feira, 29 de outubro de 2003

Ó SUBALIMENTADOS DO SONHO! A POESIA É PARA COMER

A Defesa do Poeta

Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto

Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim

(...)

Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho !
a poesia é para comer.

Natália Correia.

Poema integral aqui.

terça-feira, 28 de outubro de 2003

TOP MODEL

Este blog faz-me lembrar uma ''top model'', não tem muita substância mas manter esta beleza toda dá muito trabalho. Desculpem?! Não me digam que isto não tem boa apresentação!
CONSIDERAÇÕES SOBRE BLOGS V (TEXTO VERGONHOSAMENTE ROUBADO A UM COMENTÁRIO DO BLOG DAS TRUTAS)

Como sou preguiçoso e queria falar do grande fenómeno da moda, roubei (e modifiquei) à Truta Laranja um comentário do Amazing Trout Blog (nada de aspas senão era uma citação, não um roubo).

Serei eu o único que não acha graça ao Pipi? Não encontro ali qualquer substrato, para além da linguagem grosseira.

E toda a gente diz "mas o Pipi escreve tão bem...". Acredito que sim, eu é que não consigo lê-lo o tempo suficiente para chegar à mesma conclusão. Nem acho que seja suficiente! Apesar de isenta de erros ortográficos e gramaticalmente correcta, a escrita do Pipi não me diz mesmo nada.

E não me considero pudico, o Pipi comigo tinha de fazer um curso de linguagem grosseira.

PS: Livro de Reclamações
ELA SABE ''BLOGAR''

Como a Rita sabe transmitir os seus sentimentos! Vejam aqui

domingo, 26 de outubro de 2003

FRIDA



''El Abrazo de Amor del Universo, la Tierra (México), Diego, Yo y el Sr. Xolotl'' Frida Kahlo, 1949.

sexta-feira, 24 de outubro de 2003

É PERFEITAMENTE NORMAL



Vejo no Telejornal da RTP que o Hospital de Torres Vedras está em obras, óptimo, tudo o que for feito para melhorar os cuidados de saúde é positivo. Todavia vejo algo que me deixa boquiaberto, o Serviço de Urgências foi instalado numa tenda da Protecção Civil; leram bem, tenda!

Para cúmulo o director diz que é uma situação compreensível. O português acha tudo normal e compreensível, por isso estamos como estamos.

PS: A fotografia é da Primeira Guerra Mundial, nessa altura existiam muitos hospitais em tendas.

quinta-feira, 23 de outubro de 2003

LISTA II

Acrescentei este este blog à lista, este e este; vou aumentado os blogs listados conforme vou analisando a blogosfera , há tanto para analisar! Agradeço muito ao "Assembleia" o post da Frida Kahlo :-) já agora uma sugestão, talvez a imagem ficasse melhor no tamanho original. Quanto ao meu post anterior a promessa não está esquecida.

quarta-feira, 22 de outubro de 2003

PINTURA e PARABÉNS

Hoje, por falta de tempo, não consegui fazer um ''post'' sobre Frida Kahlo conforme tinha planeado. Seria um presente para ti, Katty e uma sugestão para o ''Assembleia''. Paciência... vou tentar ''postar'' amanhã.
Katty, muitos, muitos Parabéns.

terça-feira, 21 de outubro de 2003

NATAL É QUANDO O HOMEM QUISER

21 de Outubro e já estão a colocar os enfeites de Natal no Colombo !!! No consumir é que está o ganho, para ele, claro ...
ASSUNTOS PROSAICOS

Nem tenho blogado nos últimos dois dias, assuntos mais prosaicos mereceram a minha atenção, compras, supermercado e outras actividades caseiras que eu detesto. O trivial, como diria a Dª Guilhermina ...

domingo, 19 de outubro de 2003

VINICIUS

Navegando sem rumo descubro este Sítio, toda a obra de Vinicius de Moraes disponível ''on-line''. Poesia do outro lado do Atlântico da qual se deixam aqui dois exemplos.

O mais-que-perfeito

Ah, quem me dera ir-me
Contigo agora
Para um horizonte firme
(Comum, embora...)
Ah, quem me dera ir-me!

Ah, quem me dera amar-te
Sem mais ciúmes
De alguém em algum lugar
Que não presumes...
Ah, quem me dera amar-te!

(...)

Montevidéu, 01.11.1958
in ''Para Viver um Grande Amor'' (crônicas e poemas)
Versão integral do poema aqui.


Eu sei que vou te amar

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida, eu vou te amar
Em cada despedida, eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar

E cada verso meu será
Pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida

(...)

Vinicius de Moraes / Música: Antonio Carlos Jobim
LP ''Por toda minha vida'' 1959.
Versão integral do poema aqui.

quinta-feira, 16 de outubro de 2003

QUENTES E BOAS?

Espessa nuvem de fumo à saída do metro, o homem das castanhas lá vai fazendo o seu trabalho. Será que alguém me sabe dizer porque é que o cheiro já não me obriga a comprar? Dizem que é do carvão. Não sei, só sei que boas já não são, quando muito quentes...

quarta-feira, 15 de outubro de 2003

LISTA

Acrescentada uma nova ligação aqui do lado direito; não sei porquê gosto desta voz feminina da blogoesfera, intimista e terna.
LEVE LEVEMENTE

Os próximos ''posts'' serão breves e leves. Estou mentalmente estafado...

AUSÊNCIA FORÇADA

Depois do disco rígido ter entrado em coma irreversível, de ter de o retirar, de ter de montar um novo, de instalar o Windows 2000, de instalar periféricos, de recuperar documentos e de instalar ''milhentos'' programas, cá estou eu de novo a blogar. Uff.. maldita informática!

quinta-feira, 9 de outubro de 2003

CONSIDERAÇÕES SOBRE BLOGS IV

Sobre o poste anterior. parece que tive 25 % de sucesso, senão vejamos.

The Amazing Trout Blog:
Aqui sucesso, os salmonetes voltaram à ementa, agradecido, blurp! (arroto de satisfação).

Assembleia:

Perante a sugestão de mudança de pintor o presidente do Assembleia presenteia-nos com mais um Hopper.

Crítico:
Depois de pedir mais música no Crítico vou lá e leio um ''post'' sobre... urinóis. Parece-me um bom candidato a perder a designação de ''excelente'' aqui no meu site (que até tem uma óptima colocação no Google).

Cruzes Canhoto:
Coitado vai passar o resto da vida no hospital.

Resumindo e concluindo, a influência deste blog na blogosfera é... quase nenhuma. Viva o blog anónimo da rua!
BREL

Ouvem a Voz? Aqui estão as palavras.

"Amsterdam"

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui chantent
Les rêves qui les hantent
Au large d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dorment
Comme des oriflammes
Le long des berges mornes
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui meurent
Pleins de bière et de drames
Aux premières lueurs
Mais dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui naissent
Dans la chaleur épaisse
Des langueurs océanes

(...)

Paroles et Musique: Jacques Brel,1964 "Olympia 64"

Versão integral da letra.

quarta-feira, 8 de outubro de 2003

CONSIDERAÇÕES SOBRE BLOGS III

Crítico:
Gosto muito de o ler todos os dias, mas tenho a impressão que a música anda a perder tempo de antena para outros assuntos mais mediáticos. Ó crítico olhe que a minoria apreciadora de Música deve aproveitar todos os meios para divulgar a Grande Arte.

The Amazing Trout Blog:
Coméquéqué? Os meus salmonetes?! Estou cuma fome do caraças!!

Assembleia:
Não queria ser mauzinho mas que tal mudar de pintor ''oficial''? Em último caso o Botero serve.
Tenho reparado que os blogs com imagem se tornam ''pesados'', quando tiver tempo vou optimizar aqui as imagens do meu.

Cruzes Canhoto:
Mas será que nunca mais tem alta ? Não se esqueça que a Manela não pode desperdiçar dinheiro com doentes nas camas dos hospitais!

segunda-feira, 6 de outubro de 2003

FILHOS DA QUÊ?

Não, não é por causa do ''post'' dos Marretas sobre o atentado suicida em Israel ( o epíteto aplica-se tanto aos terroristas do Hamas como ao criminoso de guerra Sharon). Escrevo sobre algo mais próximo, este país.

Infeliz o povo que tem dirigentes em que o compadrio é uma constante e em que um eurodeputado evoca a ''palavra de honra'' para desculpar o indesculpável.

Infeliz o povo que adormecido por futebois, Big-Brothers, Casas-Pias e outros entretenimentos deixa passar o ''Código do Trabalho'' com pouco ou nenhum protesto.

Infeliz do povo que constata a existência de uma lei que permite ao patrão despedir alguém sob qualquer pretexto para depois em
tribunal pagar (se pagar) uma indemnização. Claro que não havendo obrigatoriedade de readmissão, todos os trabalhadores se transformam, na prática, em contratados a prazo.

Infeliz o povo que mansamente assiste à destruição do seu país por um governo demagógico, incompetente, submisso ao grandes senhores a quem a crise dá muito jeito.

Mas só que cá ''em baixo'' (como diria o eurodeputado que até nem é de direita) a indignação vai crescendo, não porque o meu vizinho tem direito ao rendimento mínimo e eu não, mas porque estamos fartos de ser tratados como animais de circo subjugados à lei do chicote. Não se esqueçam, quando o Povo acorda o Poder recua; lembrem-se dos Protestos da Ponte.

Desculpem a vulgaridade mas só me apetece gritar o velho slogan ''Putas ao Poder que os filhos já lá estão!''.

PS: Este não é um blog radical mas todos temos direito à indignação. Quanto ao fraco protesto a propósito do ''Pacote Laboral'' contra mim falo, na ultima greve geral fiquei quietinho no meu canto (trabalhando) e agora, como muitos outros, vou sofrer as consequências.

quinta-feira, 2 de outubro de 2003

MANIAS MINHAS II



Hoje temos a visita de Álvaro de Campos, a imagem é a reprodução do quadro "Entrada", de Amadeo de Souza-Cardoso, pintado em 1917 (ampliação aqui).
Ah! a música? Estou a ouvir agora o concerto para violino "À Memória de um Anjo" de Alban Berg, interpretação Zukerman/Boulez. Manias minhas...

"Addiamento"
(14-4-1928)

Depois de àmanhã, sim, só depois de àmanhã...
Levarei àmanhã a pensar em depois de àmanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O somno da minha vida real, intercalado,
O cansaço anticipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um electrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de àmanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar àmanhã no dia seguinte...
Elle é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-hei á secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de àmanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de àmanhã...
Quando era creança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha
infancia...
Depois de àmanhã serei outro,
A minha vida triunphar-se-ha,
Todas as minhas qualidades reaes de intelligente, lido e práctico
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de àmanhã...
Hoje quero dormir, redigirei àmanhã...
Por hoje, qual é o espectaculo que me repetiria a infancia?
Mesmo para eu comprar os bilhetes àmanhã,
Que depois de àmanhã é que está bem o espectaculo...
Antes, não...
Depois de àmanhã terei a pose publica que àmanhã estudarei.
Depois de àmanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de àmanhã...
Tenho somno como o frio de um cão vadio.
Tenho muito somno.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de àmanhã...
Sim, talvez só depois de àmanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...

Álvaro de Campos [Fernado Pessoa]

quarta-feira, 1 de outubro de 2003

FELIZMENTE ENGANEI-ME

Felizmente enganei-me sobre a Antena 2. Todas as declarações prenunciavam mudanças para uma rádio à procura de grandes audiências, se assim fosse teríamos então uma emissão com música pré-digerida para não chocar o ouvido de ninguém. Talvez com um pouco de marketing para divulgar aos mais jovens que, coitadinhos, não conseguem distinguir sozinhos o que tem qualidade.
Parece que a nova programação não piorou em relação à anterior e (pelo menos por agora) continuamos a ter uma verdadeira rádio clássica. Que alívio!

terça-feira, 30 de setembro de 2003

THE SHOW MUST GO ON

Não me digam que, logo na terra do showbiz, vão proibir o concerto!

''A FLORIDA-BASED rock band that has promised that an unidentified terminally ill person will suicide on stage, during an October concert, is fighting a legal battle to have the show go on.
Yesterday the St Petersburg City Council passed an emergency ordinance that makes suicide for commercial or entertainment purposes illegal, as a way of countering the rock band Hell on Earth's promise to show an onstage suicide during an October 4, 2003 concert in the city''. Mais aqui e aqui.

domingo, 28 de setembro de 2003

SONS


Créditos da Imagem

Madrugada, o som do Sérgio ilumina a noite...

"A Noite Passada"
A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste

(...)

Sérgio Godinho in "Pré-Histórias", 1972.

sábado, 27 de setembro de 2003

CIGARETTES



Katty, já viste os novos maços de tabaco? Dão para fazer colecção. Entretanto, aqui no cosmopolita AdC, fica a proposta para o International Marlboro.

sexta-feira, 26 de setembro de 2003

AVISO II

A todos os leitores. Podem usar com total liberdade os comentários neste blog, sejam eles elogiosos, críticos, de escárnio, de maldizer, sublimes, eruditos, ao estilo do blog do Pipi, sobre tudo e sobre nada.
Todavia há uma regra fundamental que terão sempre de cumprir: NUNCA CRITICARÃO O GLORIOSO SPORT LISBOA E BENFICA.
Esta regra é sagrada, principalmente para lagartos e tripeiros.

Muito obrigado.
A Gerência.
REQUIEM PELA ANTENA 2




Ao ouvir a Antena 2 invade-me uma sensação de perda. Tremo ao pensar na nova grelha de programas a lançar dia 1de Outubro (segundo o indicado no site).Tal programação certamente estará de acordo com as directrizes do iluminado ministro Morais Sarmento. Parece que todos se esquecem que além do assassinato da RTP 2 a criatura se prepara para cometer o mesmo crime sobre a Antena 2. Estando eu sem palavras nada melhor que citar o Crítico a propósito da classe a que o Sr. Sarmento pertence:
''...os mesmos pequeno burgueses que formam a maioria da classe política, que formam a classe empresarial. Analfabetos, incultos, egoístas, incapazes. Tudo pequeno, tacanho, tragicamente fechado. Sem vistas, sem relatividade, odiento, rancoroso, velhaco, invejoso. Desdenhando do belo, desdenhando do sábio, escarnecendo do verdadeiro erudito, porque incapaz de erudição.''

Espero estar completamente errado sobre o futuro que preparam para a única rádio clássica de Portugal

quinta-feira, 25 de setembro de 2003

PUBLICIDADE



Esperaste... esperaste... esperaste... esperaste... esperaste... esperaste... esperaste... esperaste... esperaste... e finalmente encontraste!!!
Quem são os cinco amigos da "Casa de Repouso de Freixo-de-Espada-à-Cinta" a quem vais contar? Já bateram todos a bota!

terça-feira, 23 de setembro de 2003

CAUDA DA EUROPA?

Onde está o relatório completo? Não mencionam Portugal mas suspeito que até nisto estamos na cauda da Europa

segunda-feira, 22 de setembro de 2003

DESLOCAÇÕES

Apetecia-me tanto ''bater'' no Santana Lopes a propósito da palhaçada do ''Dia Europeu Sem Carros'' mas, desta vez, escapou.

Já agora, Sr. Ilustre Desconhecido ministro do Ambiente, disse na SIC que por vezes andava de Metro. Sugiro que experimente um autocarro da Carris sem ar condicionado (a grande maioria) em hora de ponta, num dia de calor ou de chuva. Vai ver que excelentes transportes públicos existem em Portugal.
CIBERDÚVIDAS

Finalmente a equipa do Ciberdúvidas voltou de férias. Como faz falta este sítio a muito boa gente cá da blogoesfera (eu incluído, como é óbvio). Respondendo diariamente às infinitas dúvidas que a estranha língua portuguesa suscita, constitui um verdadeiro Serviço de Interesse Público.
Ainda que a prometida renovação gráfica tenha sido adiada, espero que o conteúdo se mantenha sempre num excelente nível.
Não sei porquê, tenho o pressentimento que depois da renovação do site, o SAPO (isto é a PT) se lembrará de tornar o acesso exclusivo aos seus clientes. Talvez esteja traumatizado com as ''Homepages'' e com o ''Tek''. Concretizar tal coisa seria espezinhar a obra e desprezar a memória de João Carreira Bom.

domingo, 21 de setembro de 2003

LAMENTO

Ai Benfica, Benfica...

sexta-feira, 19 de setembro de 2003

PECADO MORTAL



Nem sei porque este blog continua vivo, quanto mais navego na blogoesfera mais razões encontro para o achar inútil. Quando penso num assunto para um post, por mais inusitado que seja, acabo sempre por encontrar alguém abordando exactamente o mesmo tema. É impossível ser original na Blogolândia.

Ao ler o um post do Blog de Esquerda descubro o The Amazing Trout Blog, tem nome em inglês mas é produto nacional. Nele encontro um mundo de Música, fino humor e ironia. Aquele post sobre as "Quatro Últimas Canções" do Richard Strauss lembrou-me que estou farto do Verão, realmente ouvir esta obra no Outono é magia pura.

Agora compreendo porque a Inveja é um pecado mortal.

PS: Pelo memos o meu blog tem bom aspecto; é a velha dicotomia beleza/inteligência.
PS II: Acho que estou a abusar dos PS's.

quinta-feira, 18 de setembro de 2003

NOVOS BLOGS NA LISTA

Acrescentados novos blogs na lista do lado esquerdo. Quase todos são bastante conhecidos, todavia destaco o Alice no País dos Matraquilhos. Um blog realmente pessoal e em que a autora expõe o mais intimo de sí de uma forma autêntica (pena o problema na acentuação do título tão vulgar no Blogspot).

quarta-feira, 17 de setembro de 2003

BOMBA CHARLOTTE

Apesar do "post" sobre a Avenida de Roma (de que eu gosto por causa da "Barata" e da "Discoteca Roma") me evocar certas "tias" gosto muuuito de ler a Charlotte.

PS: Não, este ''post'' não é para dar graxa, quando muito seria devido à resposta rápida, simpática e educada ao meu email.
PS II : [Editado em 18/9/03] Hoje (dia 18) é o aniversário da Charlotte. Muitos parabéns e que blogues por muitos anos.
BLOGS NA TV

JPP agora no Contra-Informação a blogar atacando o Tortas...

terça-feira, 16 de setembro de 2003

LENDO BLOGS II

Xi ainda nem cheguei a meio da lista na letra A.
LENDO BLOGS

Só um 'cadinho que estou a percorrer a blogosfera para acrescentar links aqui ao lado esquerdo...
MANIAS MINHAS



Lá se vão os poucos visitantes do "Abaixo de Cão" até porque normalmente, ao ler um blog, tenho tendência a "saltar" os poemas. Sei também que um poema deste tamanho empurra tudo lá para baixo, mas não consigo resistir. É claro que não farei (nem sei) uma análise literária como a Charlotte. A única análise que sei fazer é a do coração.

Leio sempre o mestre Caeiro ao som da Quarta de Mahler, normalmente na interpretação de Bernestein, a orquestra do Concertgebouw e com um soprano infantil (capa da edição original do cd acima). A voz de criança combina na perfeição com o poema.
Desculpem lá, manias minhas...

"Num meio-dia de Primavera..."

Num meio-dia de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!


Um dia que Deus estava a dormir
E o Espirito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez com que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E porque toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.


A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando agente as tem na mão
E olha devagar para elas.


Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espirito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido." -
"Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."

E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É a minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.


A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos às cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

Alberto Caeiro [Fernando Pessoa]

segunda-feira, 15 de setembro de 2003

UFF!

Gostava de "postar" sobre assuntos mais elevados mas manter o ritmo do JPP é difícil (senão impossível).
PAÍS DAS MARAVILHAS



Pelos vistos ver televisão constitui uma inesgotável fonte para um blog (vejo pouca tv não por snobismo mas porque o vício da net ocupa quase todo o meu tempo livre).

No programa de ontem do Herman novos recordes de mau gosto foram atingidos. Não, não me refiro ao Fernando Rocha, ao ''Prof.'' Alexandrino, ao rapaz dos gases ou a outros que tais, pois sendo eu do Povo estou habituado a ver esta fauna. Falo de um espécimen bem mais raro (pelo menos aos meus olhos), um tal de José Castelo Branco (corrijam-me se o nome estiver mal). Pois foi o tal dito senhor falar da sua pessoa, da sua atitude positiva perante a vida (eu se tivesse avós, papás e tios assim também era muito positivo), do seu gosto pelas roupas (até sonha com Chanel!), de não perceber porque os portugueses se estão sempre a chorar (tenho uma bela conta de telefone a pagar, a renda, a luz, a água, o gás, o supermercado, alguns medicamentozitos e há pessoas mil vezes pior, mas que não se devem chorar, pois parece mal).

Perante a afirmação do Herman que não devemos ter vergonha de exibir os nossos bens, a nossa personagem muito orgulhosamente exibe algumas das suas caríssimas jóias. Fiquei absolutamente deslumbrado por haver alguém no meu país que nasceu numa familia cheia de recursos.É realmente edificante verificar que um indivíduo vai à televisão porque os seus ascendentes tiveram a esperteza de fazer uma fortuna. Eu, se um dia tivesse o talento de escrever uma obra-prima, também gostaria que os meus netos fossem considerados grandes escritores.

Mas adorei ver a cara de absoluto nojo aquando da ''actuação'' do Fernando Rocha. Para cúmulo, o companheiro do lado (do jet-set, não perguntem o nome que não leio a ''Caras'') queria rir mas não podia pois o ar reprovador do JCB não o permitia. Que pena ter saído a meio sem ouvir todas as edificantes anedotas!

Glossário
-» Fernando Rocha = fenómeno da moda, humor chão mas com tradição, depois do programa a solo = passado; cf. Fernando Pereira
-» Prof. Alexandrino = outro débil mental habilmente usado para entreter as massas; cf. Emplastro
-» JCB = boas famílias, extremo bom gosto; cf. Parasita social

PS: Já sei que as pessoas de bom nascimento, que por acaso leiam isto, dirão ''quem é este indivíduo que nem sabe escrever português para falar assim da 'beautiful people'?''. Bem, nestes tempos estranhos até o povinho tem direito aos blogs...
CINZAS II

Vejo o jornal da noite da Sic, há reacendimentos estranhos no incêndio de Monchique mesmo na hora da transmissão em directo. Seguem-se imagens do fogo repetidas ''ad nauseam''. Com uma cobertura televisiva tão pormenorizada, se eu fosse artista pirómano, estaria felicíssimo com a minha obra de arte.
Na RTP e na TVI a mesma coisa...

domingo, 14 de setembro de 2003

UM BÉBÉ MIMADO


(Créditos da imagem)

Ainda agora nasceu o ''Abaixo de Cão'' e já foi ''linkado'' pelo Assembleia . Sinceramente agradeço a distinção, embora aumente a minha responsabilidade como pai do recém-nascido.

A classificação na blogoesfera canhota, embora correcta, não implica que este seja um blog sobre política.

Apesar de ter começado sisudo espero que no futuro o humor seja a nota dominante, as crianças só riem meses depois de nascer.

PS: Bem sei que bebé só leva um acento, mas bébé é mais bonito.

sábado, 13 de setembro de 2003

CINZAS



Abro a janela, no céu nuvens de cinza, no ar um cheiro acre a madeira queimada. Como estou relativamente perto da zona de incêndio penso que chegando a Lisboa nada se verá, engano, toda a atmosfera está carregada de um manto cinzento, o sol é um disco vermelho que mal consegue rasgar o nevoeiro; até nas estações do metro se respira este ar.

Talvez assim quem tem poder de decisão e que mora em Lisboa se lembre que o flagelo dos incêndios não atinge apenas as distantes florestas do interior.

Por outro lado interrogo-me sobre a utilidade da repetição de imagens de pessoas em absoluto desespero como ontem na SIC; a mesma imagem de uma senhora e o filho a fugirem de casa foi repetida vezes sem conta como se fosse o ''trailer'' de um filme de acção de Hollywood. Quem tiver um desequilíbrio e gostar de ver as chamas com todas as desgraças que elas causam, certamente vai querer contribuir para o espectáculo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2003

CONSIDERAÇÕES SOBRE BLOGUES II


(Créditos da imagem)

Eu que detestava as redacções na escola, agora todos os dias faço pelo menos uma (ou tento fazer...).

quinta-feira, 11 de setembro de 2003

CONSIDERAÇÕES SOBRE BLOGUES

Blogar é como o slogan inventado pelo Pessoa para a Coca-Cola ''Primeiro estranha-se, depois entranha-se''.Por culpa de ti, Katty, lá vou escrevendo umas coisas para isto não ficar vazio, ainda por cima tenho de vigiar a linguagem (bem quando precisar que ela seja mais solta digo para não leres o post em questão).

Além disso, estas dúvidas gramaticais em que o português é fértil matam-me.Resta-me a consolação dos pontapés efectuados na blogosfera por muitos diplomados (perverção?!).
DATAS FATÍDICAS E OUTRAS COISAS QUE TAIS

Isto do 11 de Setembro, como tudo, originou muita polémica cá na blogosfera. Uns mais à direita acham que só o ataque terrorista de Nova York deve ser evocado; outros mais canhotos (como eu) dizem que o ignóbil golpe de Pinochet, perpetrado a 11 de setembro de 73, não deve ser mais um episódio esquecido da História.

Bem, que se evoquem ambos que eu vou ouvindo a Manon do Puccini com a Freni o Pavarotti e a orquesta do Met dirigida pelo Levine (na Antena 2 claro)
IRRITAÇÕES do QUOTIDIANO

Serei só eu que acha o celofane que embrulha vários produtos particularmente irritante? Cd's, dvd's, cassetes de vídeo, revistas, cereais e muitas outras coisas vêm normalmente embaladas numa película apertadíssima que se recusa a largar aquilo que eu quero abrir (tal lapa teimosa nos rochedos da praia). Será que tenho de ter um objecto afiado sempre à mão?!

Oiço alguém pensar ''e a fitinha de abertura fácil?'' ah ah essa é para rir.
Clique em "Mensagens antigas" para ler mais artigos fantásticos do Arquivo.

Temas

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