sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

FELIZ 2005

Desejo a todos um feliz e tranquilo 2005.
Depois dos péssimos 12 meses que este país viveu, por culpa (quase) exclusiva dos maus políticos que temos, será difícil repetir tanta incompetência e irresponsabilidade.
Feliz Ano Novo!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

AJUDA II

Links para as páginas de donativos de várias organizações que prestam auxílio às vítimas do maremoto do Sudeste asiático:

» AMI - ''Campanha de Emergência''
» Cruz Vermelha Portuguesa - ''Apelo de Emergência em Numerário''
» Médicos do Mundo - ''Missão de Emergência no Sri Lanka''
» Cáritas - ''Ajuda às Vítimas no Sudeste Asiático''

segunda-feira, 27 de dezembro de 2004

AJUDA



Se quiser ajudar as crianças (e suas famílias) afectadas pelo maremoto do Sudeste Asiático poderá, por exemplo, fazer o seu donativo à UNICEF usando a:
''SOS Crianças da Ásia'', conta CGD NIB - 003501270002824123054, através de cheque ou vale postal dirigido ao Comité Português para a UNICEF, Av. António Augusto Aguiar, 56, 3º Esq. 1069-115 Lisboa.
Pode também aceder à página de Emergências - Sudeste Asiático, clicar em ''Faça o seu donativo'' e optar pelo Multibanco, cartão de crédito ou MBnet para efectuar a sua contribuição.

PS: Não é pedida nenhuma ''verba mínima'', pode dar a quantia que muito bem entender.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

COLORGRAPHIA XIII - FESTAS FELIZES


Sandro Botticelli.
''A Natividade Mística'', têmpera sobre tela (31,4 x 19,1 cm) c. 1500.


Giotto di Bondone
''Natividade'' fresco (c.1310) da Igreja de S. Francisco em Assis.

Clique nas imagens para ver as ampliações.

Desejo um bom Natal a todos os que têm a paciência de ler este blogue. Festas Felizes.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

ESTAVA A VER QUE ...

... a rapariga agora só dava entrevistas ao DN, mas parece que voltou a blogar.

PS: 18anos?! Ninguém tem 18 anos!

domingo, 19 de dezembro de 2004

COLORGRAPHIA XII


Sandro Botticelli.
''Annunciazione'', têmpera e ouro sobre madeira (31,4 x 19,1 cm), c. 1485.

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

WWW - A VISITAR III



Comemorando os 150 anos do nascimento de Rimbaud, o ''Abaixo de Cão'' apresenta um dos mais belos sítios da Internet.
Abordando de forma poética a (estranha) vida e obra do grande poeta simbolista, torna-se esta realização uma obra de arte sobre a Arte. Que o visite quem gostar da Poesia e da Beleza; eu só direi que fiquei completamente apaixonado.

PS: Os utilizadores, com ligações por modem de 56k, terão de ter paciência com o carregamento das páginas, mas a espera vale mesmo a pena.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

COLORGRAPHIA XI


Vasiliy Vasil'yevich Kandinsky (4-12-1866*13-12-1944).
''Amarelo, Vermelho, Azul'', 1925.

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RESPOSTA ÀS ÚLTIMAS 724 CHAMADAS

Não, não senti nenhum abalo sísmico, tremor de terra ou terramoto!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

EN BÔN PURTUGUÊS NUS UNDERSTANDÊMOS. (LIDO E OUVIDO HOJE, JURO!)

- ''Felis Natal'' (montra de um café).
- ''Alugace'' (martelo pneumático!).
- ''Vou printar o orçamento'' (no trabalho).
- ''Já mandaste o print?'' (no trabalho).
- ''Logar no site'' (revista de informática).
- ''Assemblar'' (revista de informática).
- ''Desassemblar'' (revista de informática).
- ''O juiz mandava logo evacuar na sala'' (no metro, conversa sobre o caso ''Apito Dourado'').
- ''Dásse cachorro com poucas semanas'' (fotocópia colada algures na via pública; bem... confesso que esta já tem umas semanas...).
- ''Desde que nós póssamos seguir em frente eu fico feliz'' (no trabalho, adepto portista com curso superior).
NOVOS PROVÉRBIOS POPULARES

Não há neve nem orvalho, mas está um frio do... caraças.

domingo, 5 de dezembro de 2004

PEDAÇOS DE CINEMA II


Comprei finalmente o DVD com o filme ''Barry Lyndon'' (de 1975). Esta obra-prima, tão injustamente esquecida, é uma prova irrefutável do génio com que Stanley Kubrick manejava a sua câmara. Até apetece dizer que já não se fazem filmes assim hoje em dia.

sábado, 4 de dezembro de 2004

COLORGRAPHIA X



Pieter Bruegel ''O Velho''; A Torre de Babel de 1563.

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

MÊS VERDI

O mês de Dezembro será musicalmente dedicado a Verdi. Para começar temos a ária ''Mercè, dilletti amiche'' da ópera I Vespri Siciliani, interpretada pelo soprano Joan Sutherland (do disco de estreia de 1959, agora reeditado) e a Orchestre des Concerts du Conservatoire dirigida por Nello Santi.





PS: Se no seu browser não conseguir ouvir a música poderá guardá-la no seu disco rígido clicando aqui com o botão direito do rato e escolhendo ''guardar destino como'' ou ''save link as''.
PS 2: (Editado às 22h30) Mudei o ficheiro de servidor, agora já está acessível.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

WWW - A VISITAR II


UNAIDS

Porque a SIDA diz respeito a todos os homens, mulheres e crianças do planeta.

terça-feira, 30 de novembro de 2004

DASS!

Estava a ver que não!

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

SR. PRESIDENTE

Queria só recordar que o malogrado Professor Sousa Franco classificou o segundo governo de Guterres como o pior desde o tempo de Dª Maria. Seguindo o mesmo critério, o actual executivo é o pior desde o tempo do Viriato.
SERÁ POSSÍVEL...

... que, ultimamente, quando quero postar me aparece isto?
''Internal Server Error
The server encountered an internal error or misconfiguration and was unable to complete your request.

Please contact the server administrator, support@blogger.com and inform them of the time the error occurred, and anything you might have done that may have caused the error.

More information about this error may be available in the server error log''.

Grrrrr!
MICROSOFT

Vejo na tv a notícia de uma iniciativa, realizada no Cine-Teatro de Serpa, de divulgação das novas tecnologias no ensino básico. Parece que um professor inventou um concurso (chamado netd@ys) em que várias equipas realizam provas relacionadas com a net e a informática; curiosamente os miúdos tinham que fazer uma pesquisa no ''Microsoft Internet Explorer'' e escrever um texto usando o ''Microsoft Internet (!) Word'' . Claro que isto tem a sua lógica, afinal foi o Bill Gates quem inventou o computador e a Internet, não foi?
ANNABEL LEE - original

Como a tradução do post anterior, apesar de ser feita pelo Fernando Pessoa, não faz justiça ao génio de Poe, decidi publicar o poema ''Annabel Lee'' na sua versão original.

ANNABEL LEE
(by Edgar Allan Poe)

It was many and many a year ago,
In a kingdom by the sea,
That a maiden there lived whom you may know
By the name of Annabel Lee;
And this maiden she lived with no other thought
Than to love and be loved by me.

I was a child and she was a child,
In this kingdom by the sea;
But we loved with a love that was more than love-
I and my Annabel Lee;
With a love that the winged seraphs of heaven
Coveted her and me.

And this was the reason that, long ago,
In this kingdom by the sea,
A wind blew out of a cloud, chilling
My beautiful Annabel Lee;
So that her highborn kinsman came
And bore her away from me,
To shut her up in a sepulchre
In this kingdom by the sea.

The angels, not half so happy in heaven,
Went envying her and me-
Yes!- that was the reason (as all men know, In this kingdom by the sea)
That the wind came out of the cloud by night,
Chilling and killing my Annabel Lee.

But our love it was stronger by far than the love
Of those who were older than we-
Of many far wiser than we-
And neither the angels in heaven above,
Nor the demons down under the sea,
Can ever dissever my soul from the soul
Of the beautiful Annabel Lee.

For the moon never beams without bringing me dreams
Of the beautiful Annabel Lee;
And the stars never rise but I feel the bright eyes
Of the beautiful Annabel Lee;
And so,all the night-tide, I lie down by the side
Of my darling, my darling, my life and my bride,
In the sepulchre there by the sea,
In her tomb by the sounding sea.

Edgar Allan Poe.

domingo, 28 de novembro de 2004

ANNABEL LEE

''Annabel Lee''
(de Edgar Allan Poe)

Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.

Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.

E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.

E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.

Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.

Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.

Fernando Pessoa
Traduzido de ''Annabel Lee'', de Edgard Allan Poe; ritmicamente conforme com o original.

sábado, 27 de novembro de 2004

CORAÇÃO SEM-ABRIGO IV

''Só uma vez fui verdadeiramente amado. Simpatias, tive-as sempre, e de todos. Nem ao mais casual tem sido fácil ser grosseiro, ou ser brusco, ou ser até frio para comigo. Algumas simpatias tive que, com auxílio meu, poderia - pelo menos talvez - ter convertido em amor ou afecto. Nunca tive paciência ou atenção do espírito para se quer desejar esse esforço.

A princípio de observar isto em mim, julguei - tanto nos desconhecemos - que havia neste caso da minha alma uma razão de timidez. Mas depois descobri que não havia; havia um tédio das emoções, diferente do tédio da vida, uma impaciência de me ligar a qualquer sentimento contínuo, sobretudo quando houvesse de se lhe atrelar um esforço prosseguido. Para quê? pensava em mim o que não pensa. Tenho a subtileza bastante, o tacto psicológico suficiente para saber o «como»; o «como do como» sempre me escapou. A minha fraqueza de vontade começou sempre por ser uma fraqueza da vontade de Ter vontade. Assim me sucedeu nas emoções como me sucede na inteligência, e na vontade mesma, e em tudo quanto é vida.

Mas daquela vez em que uma malícia da oportunidade me fez julgar que amava, e verificar deveras que era amado, fiquei, primeiro, estonteado e confuso, como se me saíra uma sorte grande em moeda inconvertível. Fiquei, depois, porque ninguém é humano sem o ser, levemente envaidecido; esta emoção, porém, que pareceria a mais natural, passou rapidamente. Sucedeu-se um sentimento difícil de definir, mas em que se salientavam incomodamente as sensações de tédio, de humilhação e de fadiga.

De tédio, como se o Destino me houvesse imposto uma tarefa em serões desconhecidos. De tédio, como se não bastasse a monotonia inconsistente da vida, para agora se lhe sobrepor a monotonia obrigatória de um sentimento definido.

E de humilhação, sim, de humilhação. Tardei em perceber a que vinha um sentimento aparentemente tão-pouco justificado pela sua causa. O amor a ser amado deveria ter-me aparecido. Deveria ter-me envaidecido de alguém reparar atentamente para a minha existência como ser amável. Mas, à parte o breve momento de real envaidecimento, em que todavia não sei se o pasmo teve mais parte que a própria vaidade, a humilhação foi a sensação que recebi de mim. Senti que me era dada uma espécie de prémio destinado a outrém - prémio, sim, de valia para quem naturalmente o merecesse.

Mas fadiga, sobretudo fadiga - e fadiga que passa o tédio. Compreendi então, uma frase de Chateaubriand que sempre me enganara por falta de experiência de mim mesmo. Diz Chateaubriand, figurando-se em Renê, «amarem-no cansava-o» - on le fatiguait en l'aimant. Conheci, com pasmo, que isto representava uma experiência idêntica à minha, e cuja verdade portanto eu não tinha o direito de negar.

A fadiga de ser amado, de ser amado deveras! A fadiga de sermos o objecto do fardo das emoções alheias! Converter quem quisera ver-se livre, sempre livre, no moço de fretes da responsabilidade de corresponder, da decência de se não afastar, para que se não suponha que se é príncipe nas emoções e se renega o máximo que uma alma humana pode dar. A fadiga de nos tornar a existência uma coisa dependente em absoluto de uma relação com um sentimento de outrém! A fadiga de, em todo o caso, ter forçosamente que sentir, ter forçosamente, ainda que sem reciprocidade, que amar um pouco também!

Passou de mim, como até mim veio, esse episódio na sombra. Hoje não resta dele nada, nem na minha inteligência, nem na minha emoção. Não me trouxe experiência alguma cujo conhecimento instintivo albergo em mim porque sou humano. Não me deu nem prazer que eu recorde com tristeza, ou pesar que eu lembre com tristeza também. Tenho a impressão de que foi uma coisa que li algures, um incidente sucedido a outrém, novela de que li metade, e de que a outra metade faltou, sem que me importasse que faltasse, pois até onde a li estava certa, e, embora não tivesse sentido, tal era já que lhe não poderia dar sentido a parte faltante, qualquer que fosse o seu enredo.

Resta-me apenas uma gratidão a quem me amou. Mas é uma gratidão abstracta, pasmada, mais de inteligência do que de qualquer emoção. Tenho pena que alguém tivesse tido pena por minha causa; é disso que tenho pena, e não tenho pena de mais nada.

Não é natural que a vida me traga outro encontro com as emoções naturais. Quase desejo que apareça para ver como sinto dessa segunda vez, depois de me ter atravessado toda uma extensa análise da primeira experiência. É possível que sinta menos; é também possível que sinta mais. Se o Destino o der, que o dê. Sobre as emoções tenho curiosidade. Sobre os factos, quaisquer que venham a ser, não tenho curiosidade alguma.

não digo já a primeira experiência, mas toda a extensa análise dela é que para mim é a sua realidade (...)

*


Hoje, em um dos devaneios sem propósito nem dignidade que constituem grande parte da substância espiritual da minha vida, imaginei-me liberto para sempre da Rua dos Douradores, do patrão Vasques, do guarda-livros Moreira, dos empregados todos, do moço, do garoto e do gato. Senti em sonho a minha libertação, como se mares do Sul me houvessem oferecido ilhas maravilhosas por descobrir. Seria então o repouso, a arte conseguida, o cumprimento intelectual do meu ser.

Mas de repente, e no próprio imaginar, que fazia num café no feriado modesto do meio-dia, uma impressão de desagrado me assaltou o sonho: senti que teria pena. Sim, digo-o como se o dissesse circunstancialmente: teria pena. O patrão Vasques, o guarda-livros Moreira, o caixa Borges, os bons rapazes todos, o garoto alegre que leva as cartas ao correio, o moço de todos os fretes, o gato meigo - tudo isso se tornou parte da minha vida; não poderia deixar tudo isso sem chorar, sem compreender que, por mau que me parecesse, era parte de mim que ficava com eles todos, que o separar-me deles era uma metade e semelhança da morte.

Aliás, se amanhã me apartasse deles todos, e despisse este trajo da rua dos Douradores, a que outra coisa me chegaria - porque a outra me haveria de chegar? De que outro trajo me vestiria - porque de outro me haveria de vestir?

Todos temos o patrão Vasques, para uns visível, para outros invisível. Para mim chama-se realmente Vasques, e é um homem sadio, agradável, de vez em quando brusco mas sem lado de dentro, interesseiro mas no fundo justo, com uma justiça que falta a muitos grandes génios e a muitas maravilhas humanas da civilização, direita e esquerda. Para outros será vaidade, a ânsia de maior riqueza, a glória, a imortalidade... Prefiro o Vasques homem meu patrão, que é mais tratável, nas horas difíceis, que todos os patrões abstractos do mundo.

Considerando que eu ganhava pouco, disse-me o outro dia um amigo, sócio de uma firma que é próspera por negócios com todo o Estado: «Você é explorado, Borges». Recordou-me isso de que o sou; mas como na vida temos todos que ser explorados, pergunto se valerá menos a pena ser explorado pelo Vasques das fazendas do que pela vaidade, pela glória, pelo despeito, pela inveja ou pelo impossível.

Há os que Deus mesmo explora, e são profetas e santos na vacuidade do mundo.

E recolho-me, como ao lar que os outros têm, à casa alheia, escritório amplo, da rua dos Douradores. Achego-me à minha secretária como a um baluarte contra a vida. Tenho ternura, ternura até às lágrimas, pelos meus livros de outros em que escrituro, pelo tinteiro velho de que me sirvo, pelos costas dobradas do Sérgio, que faz guias de remessa um pouco para além de mim. Tenho amor a isto, talvez porque não tenha mais nada que amar - ou talvez, também, porque nada valha o amor de uma alma, e, se temos por sentimento que o dar, tanto vale dá-lo ao pequeno aspecto do meu tinteiro como à grande indiferença das estrelas.''

in ''O Livro do Desassossego'' de Bernardo Soares [Fernando Pessoa].

quinta-feira, 25 de novembro de 2004

UMA ÁGUIA NO METRO

Hoje fui ver o jogo do Benfica a casa de um amigo. Estava eu em amena cavaqueira com um colega de trabalho quando, na estação de Entre-
-Campos, sou surpreendido com os passageiros que se sentaram em frente, os dois tratadores e a águia do Benfica! É verdade, segundo nos disseram andaram às voltas no meio do trânsito sem conseguir chegar perto do Estádio da Luz, decidiram então deixar o carro estacionado e apanhar o metropolitano. Falámos do actual momento do Benfica e, obviamente, o dito animal foi objecto de atenção de todos os passageiros, dentro e fora da carruagem; uma senhora ainda perguntou se a ave era verdadeira, ''...é que está tão quietinha''. Saí nas Picoas e a Vitória lá seguiu viagem até à Catedral.
Claro que quem defende os direitos dos animais não gostará de ler este post, mas uma águia a viajar de Metro deve ser, na minha opinião, uma estreia mundial.
COLORGRAPHIA IX


Diego de la Rivera (8/12/1886*25/11/1957). ''Paisaje zapatista'', 1915.

Clique na imagem para ver a ampliação.

quarta-feira, 24 de novembro de 2004

COLORGRAPHIA VIII


''Jane Avril Laissant le Moulin Rouge'', 1893.
Henri de Toulouse-Lautrec (24 de Novembro, 1864 * 9 de Setembro, 1901).

terça-feira, 23 de novembro de 2004

TANTA DEMAGOGIA!

Vou mas é desligar a tv que este sr. Primeiro Ministro está a causar-me náuseas.

segunda-feira, 22 de novembro de 2004

TRADIÇÃO

Com a nova Lei das Rendas a tradição ainda vai ser o que era.

domingo, 21 de novembro de 2004

MoMA

Wish i was there!

quinta-feira, 18 de novembro de 2004

COLORGRAPHIA VII


Vincent Van Gogh ''Crânio de Esqueleto Fumando um Cigarro'', 1886.

Com um dia de atraso aqui fica uma imagem ilustrativa do Dia Mundial do Não Fumador.

terça-feira, 16 de novembro de 2004

FRANCAMENTE!

Lá estão os deputados da Oposição a insinuar que o Governo está envolvido na demissão em bloco da Direcção de informação da RTP! Pensem bem, não é lógico o José Rodrigues dos Santos bater com a porta por não concordar com a nomeação do correspondente em Espanha? Provavelmente é o Vasco Lourinho aproveitando já a futura possibilidade dos reformados trabalharem a tempo parcial...

sexta-feira, 12 de novembro de 2004

OFFLINE

Devido a problemas com a net de casa nos próximos dias ''postarei'' pouca coisa.

PS: Sendo obrigado a usar o Internet Explorer aqui no Cyber constato que já me tinha esquecido que é um programa de merda.

segunda-feira, 8 de novembro de 2004



domingo, 7 de novembro de 2004

COLORGRAPHIA VI


Francisco de Zurbarán (1598*1664). ''Bodegon'', natureza morta. Museo del Prado, Madrid.

quarta-feira, 3 de novembro de 2004

O BLOGGER PIFOU

Parece que os americanos fizeram tantos posts sobre as eleições presidenciais e sobre a vitória do idiota que o Blogger deu o berro, deixa cá ver se usando o ''w.bloggar'' consigo alguma coisa.
Infelizmente acertei quando previ que o idiota seria reeleito. Para cúmulo, aliados subservientes, como o nosso Governo e Presidente da República , facilitarão bastante a vida ao cowboy.
BREVES APONTAMENTOS SOBRE AS ORIGENS DO MODERNO ''CONTRADITÓRIO'', DA CONTEMPORÂNIA AUSÊNCIA DE PRESSÕES E DA IMUNIDADE A ELAS, BEM COMO A GÉNESE DO NEBULOSO E ELÁSTICO ''SEGREDO DE JUSTIÇA''

''--O que pensa Cardoso Pires da...PIDE--

- O seu segundo livro, Histórias de Amor, foi apreendido...

- Um dos contos descrevia a prisão de uma estudante antifascista mas a Censura fingiu ignorar o pormenor. A PIDE é que não: prendeu-me sem mais aquelas...

- Como foi tratado pela PIDE?

- Não me interrogaram, não me deixaram dormir durante três dias e depois puseram-me na rua sem interrogatório, sem nada. Apenas, a privação do sono e algumas provocações. Era um aviso da polícia a um jovem que começava a escrever, nada mais.

- Foi longo o seu conflito com a Censura...

- Em todo o caso, muito menor do que o de alguns escritores. Torga esteve preso não sei quanto tempo por ter escrito Os Bichos. Redol foi proibido de publicar fosse o que fosse durante dois anos... A polícia política e a polícia da escrita trabalhavam de mãos dadas, como aconteceu no meu caso, mas nunca se comprometiam com qualquer declaração documentada. Veja, a PIDE teve-me detido e dessa reclusão não ficou um auto de captura, um interrogatório. Uma semana depois foi a vez de a Censura me chamar por uma contrafé. O director, um major sinuoso que dava pelo nome de David dos Santos, propôs-me que eu fizesse emendas ao texto das Histórias de Amor para lhe levantar a interdição.

- Que emendas?

- Substituir as passagens censuradas, pura e simplesmente. Num livro de Jacinto Baptista * há uma referência a esse episódio com bastante exactidão. Para os censores o que na altura estava em causa já não era o livro, era o jovem escritor que eu era. Era esse principiante que aquele major de merda estava a humilhar convictamente, procurando comprometê-lo ali mesmo, logo à nascença. O próprio facto de eu ter de recusar uma negociação tão suja foi, lembro-me bem, uma segunda humilhação para mim porque uma proposta de colaboracionismo, mesmo que em termos de rotina burocrática, pressupõe que o carrasco tem uma imagem desdenhosa da vítima. Claro que da tentativa de aliciamento não ficou o menor registo, como era costume. Ou, antes, ficou; neste caso ficou, porque o major aliciador insistiu em que eu reconsiderasse e entregou-me o exemplar censurado para que eu o corrigisse. O exemplar censurado, imagine! As anotações, as passagens, as páginas cortadas pelo célebre lápis azul da censura, tudo ali na minha mão!

- Por exemplo ...?

- Por exemplo, a palavra nu cortada logo ao abrir do livro. «O homem estava nu em cima da cama ...» e, zás, o lápis azul atacou logo. Por exemplo, certas expressões do género filho da mãe, dor de corno, catano e outras assim, tudo abaixo, tudo excomungado. A simples referência a Maiakovski, ao Éluard e ao Pessoa (ao Pessoa, veja bem!) levantou prontamente a suspeita do bem-pensante e foi abatida antes que se fizesse tarde, e isto para não falar já das páginas eliminadas por inteiro nem das interrogações e de certos sinais enigmáticos que aparecem à margem doutras. Numa delas está anotado a tinta «Deixar passar?» Como vê, os caprichos da Censura eram largos e insondáveis... e eu tinha-os ali na mão! Desse por onde desse, não estava disposto a perder um testemunho daqueles. Como e de que maneira, não sabia. Por sorte minha, pouco tempo depois houve uma remodelação dos Serviços de Censura e nunca mais devolvi o exemplar. Guardo-o como um apontamento precioso da minha vida de escritor porque é uma comprovação da prepotência e da análise supersticiosa daquilo a que o Salazar chamava a Política do Espírito. Senti a mão da Censura logo ao primeiro texto que publiquei em livro, uma antologia universitária intitulada Bloco. Morte imediata, livro apreendido sem demora porque a polícia da escrita estava atenta aos candidatos a escritor. Os que havia já chegavam e sobravam, para essa praga de inquisidores, o escritor português vivo era a besta inconveniente, o alvo maldito. Mesmo assim, ele não se calava, não desistia de escrever. E os editores publicavam-no, os editores, que imprudência, assumiam esse risco. E os livreiros protegiam-no, faziam malabarismos para lhe venderem o livro clandestinamente se por acaso fosse proibido.''

* Jacinto Baptista, Caminhos para uma Revolução, Ed. Bertrand, Lisboa, 1975.

Cardoso Pires por Cardoso Pires, entrev. de Artur Portela, 1ª edição, Publicações D. Quixote, 1991, 124 p., pp. 33-35

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ANOTAÇÕES DA CENSURA PRÉVIA SOBRE ALGUNS FILMES

»''A Terra Treme'', de Luchino Visconti (1948) - ''Paira neste filme uma atmosfera contra a sociedade instituída. (...) O filme constitui um espectáculo inconveniente e altamente perigoso.''

»''Verboten'', de Samuel Fuller (1958) - ''É um filme de baixa propaganda antinazi (...). É um filme de ódio, politicamente inconveniente. É em suma um assunto ultrapassado.''

»''O Acossado'', de Jean Luc Godard (1959) - ''O filme é de todo o ponto inconveniente porque não é mais do que a apresentação de situações à margem da lei e da moralidade.''

»''A Adolescente'', de Luis Buñuel (1960) - ''Trata-se de um filme de Luis Buñuel, conhecido realizador espanhol de formação à esquerda (...). No decorrer da história, muitas vezes aflora um racismo violento de brancos contra pretos (...). O filme seria de aprovar, noutro momento (...). Porém, neste momento em que nos afligem problemas delicados em África, não seria conveniente a aprovação de um filme deste tipo.''

»''O Julgamento de Nuremberga'', de Stanley Kramer (1961). Filme extensamente censurado.

»''A Colina Maldita'', de Sidney Lumet (1965) - "As situações apresentadas neste filme criam um desrespeito completo pela hierarquia militar e até, em certos aspectos, ódio ao exército."

»''Dracula, Prince of Darkness'', de Terence Fisher (1966) - "Trata-se de um filme que pretende fazer crer na existência de vampirismo, em que este aparece ligado com a religião."

»''Oh! What a Lovely War'', de Richard Attenborough (1969) - "Reprovamos o filme pois é um libelo cruel contra a guerra."

»''Zabriskie Point'', de Michelangelo Antonioni (1970) - "Reprovamos o filme: a revolta da juventude nas primeiras partes e a destruição da civilização na última são os motivos determinantes."

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ALGUNS DOS DISCOS CENSURADOS DURANTE O ''ESTADO NOVO''

» Adriano Correia de Oliveira
''Gente de Aqui e de Agora''

» Amália Rodrigues/Vinicius de Moraes
Disco com o mesmo nome, diversos intérpretes

» António Calvário
"Vou ao Norte"

» Carlos Mendes
''Segunda Canção com Lágrimas'' (letra de Manuel Alegre)
''E alegre se fez triste''/''O Regresso''

» Carlos do Carmo
''Ferro Velho''

» Fausto
''África'', ''Ó Pastor que Choras'' e ''Chora, Amigo''

» Fernando Lopes Graça
''O Menino de sua Mãe'' (faixa)

» Fernando Tordo
''Viagens que passais'', ''Sangue nas Palavras'' e ''O Café'' (faixas)

» João Perry
''Textos Literários/Poesia de Eugénio de Andrade''

» José Afonso
''Menino do Bairro Negro''
''Os Vampiros''
''Ó Vila de Olhão''
''Cantigas de Maio''
''Venham Mais Cinco''

» José Barata Moura
''Subúrbio''
''Vamos Brincar à Caridadezinha''

» José Jorge Letria e Carlos Alberto Moniz
''Três Novas e Três Velhas''
José Jorge Letria de Viva Voz

» José Mário Branco
''Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades''

» Luís Cília
''Duas Melodias''
''Meu País''

» Manuel Freire
''Manuel Freire''

» Mário Viegas e Daniel Filipe
''A Invenção do Amor''
''Palavras Ditas''

Algumas coisas sobre censura que fui encontrando por essa net fora. Seguindo o raciocínio que alguns poderosos fazem hoje em dia, poder-se-á constatar que nada de mal aconteceu aos censurados (quando muito levaram uns ''safanões'') e que a Lei e a Ordem não foram perturbadas. As pessoas tinham de se mentalizar que seriam responsabilizadas pelas palavras e actos perigosos para quem carregava o fardo de conduzir a Nação.
Claro que tudo faz parte da História; a tradição censória em Portugal vem de longa data, pelo menos desde que D. João III, no ano de 1539, se lembrou de ''empossar'' um seu irmão mais novo, o cardeal D. Henrique, nas funções de inquisidor-geral do Tribunal do Santo Ofício.
É estranho como uma prática secular se extinguiu num piscar de olhos...

domingo, 31 de outubro de 2004

GALERIA

Mais nove obras de arte expostas na Galeria do ''Abaixo de Cão''.
DEFINITIVAMENTE...

... algo de muito estranho se passa em Portugal.

sábado, 30 de outubro de 2004

ESTÁ ENCONTRADO O VENCEDOR DAS PRESIDENCIAIS AMERICANAS

George W. Bush, se for bem educado, só terá de dizer:
''Obrigado, amigo!''.

quinta-feira, 28 de outubro de 2004

QUE HONRA PARA PORTUGAL!

Ter a dirigir a Comissão Europeia um político sem princípios, sem escrúpulos, sem coluna vertebral.
Ter um Governo que tenta manipular, por todos os meios, os media que lhe não são favoráveis.
Que honra!

terça-feira, 26 de outubro de 2004

APROVEITÁVEL

Depois de reler vários posts do arquivo fiquei com uma vontade terrível de apagar a grande maioria por falta de qualidade. Praticamente só é aproveitável a reprodução de textos literários e de obras de Arte. Assim sendo decidi iniciar o seguinte projecto, que acham da ideia?

PS: Acho que estou a arranjar sarna pra me coçar.

segunda-feira, 25 de outubro de 2004

COLORGRAPHIA V


Jusepe de Ribera, dito ''lo Spagnoletto'' (1588*1656). ''Mendicante'', 1642 (quadro conhecido por ''Pé-boto'').

A Arte servindo como chamada de atenção para os mendigos que todos os dias vemos, em número crescente, nas ruas deste triste país .

sexta-feira, 22 de outubro de 2004

COLORGRAPHIA IV


Paul Cézanne (19-10-1839*22-10-1906). ''Cézanne coiffé d'un chapeau mou'', auto-retrato de 1894.

quinta-feira, 21 de outubro de 2004

HÁ QUEM DIGA QUE A INTERNET NÃO SERVE PARA NADA...

... mas neste caso o Google salvou a pele de um jornalista no Iraque.

quarta-feira, 20 de outubro de 2004

GRANDE DICIONÁRIO ILUSTRADO ABAIXO DE CÃO - II

Troglodita(s)



Definição aqui.

Este post não pretende ofender ninguém que viva em cavernas e transporte a mulher arrastando-a pelos cabelos.

segunda-feira, 18 de outubro de 2004

GRANDE DICIONÁRIO ILUSTRADO ABAIXO DE CÃO - I

Inicia-se hoje a publicação do ''Grande Dicionário Ilustrado Abaixo de cão'', trata-se de uma obra de grande alcance que obrigará o seu autor a um esforço ciclópico, mas que se justifica perante as necessidades culturais dos queridos leitores deste blogue.
Será publicado em fascículos sem ordem determinada, no final os coleccionadores poderão ordenar e encadernar a obra, pois serão oferecidas as capas e um mapa com a morada dos sete encadernadores existentes na península Ibérica. Para cada palavra (ou expressão) será apresentada uma ilustração bem como o linque para a definição existente no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Aqui vai então a primeira entrada:

Gémeo(s)



Definição

Claro que a definição que interessa se encontra depois do ''fig.''.

sábado, 16 de outubro de 2004

FIM-DE-SEMANA COM CINEMA
















Últimos dois dias da ''5a Festa do Cinema Francês''.
Mais informações aqui.
64

''When I'm Sixty-Four''

When I get older losing my hair,
Many years from now.
Will you still be sending me a valentine
Birthday greetings bottle of wine.

If I'd been out till quarter to three
Would you lock the door,
Will you still need me, will you still feed me,
When I'm sixty-four?

You'll be older too,
And it you say the word,
I could stay with you.

I could be handy, mending a fuse
When your lights have gone.
You can knit a sweater by the fireside
Sunday mornings go for a ride,

Doing the garden, digging the weeds,
Who could ask for more.
Will you still need me, will you still feed me,
When I'm sixty-four?

Every summer we can rent a cottage,
In the Isle of Wight, if it's not too dear
We shall scrimp and save
Grandchildren on your knee
Vera Chuck & Dave

Send me a postcard, drop me a line,
Stating point of view
Indicate precisely what you mean to say
Yours sincerely, wasting away

Give me your answer, fill in a form
Mine for evermore
Will you still need me, will you still feed me,
When I'm sixty-four?


The Beatles in ''Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band'', 1967.


No passado respondeste sempre afirmativamente à pergunta-canção, mas hoje sei que a resposta é não.

quinta-feira, 14 de outubro de 2004

DIGAM TODOS COMIGO, RAPIDAMENTE E SEM ENGANOS:
PRES-TI-DI-GI-TA-ÇÃO! PRES-TI-DI-GI-TA-ÇÃO!
PRES-TI-DI-GI-TA-ÇÃO! PRES-TI-DI-GI-TA-ÇÃO!




Orçamento Geral do Estado de 2005.
ACHO QUE DESCOBRI...

...o problema deste blogue, sofre de Transtorno Bipolar. Anda por aí algum especialista em psiquiatria para blogues?
ALGUÉM ME SABE DIZER?

A Anabela está de férias, foi despedida ou ''caiu na real''?

quarta-feira, 13 de outubro de 2004

PALAVRAS

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

(...)

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

É triste que palavras escritas em plena ditadura militar brasileira continuem actuais para milhões de pessoas em todos os continentes.
O AVISO

Retirei o comunicado da ''Altíssima Autoridade'' que se encontava à entrada deste blogue. Pretendeu apenas ser uma nota de humor e, simultaneamente, uma chamada de atenção para os perigos que a liberdade de expressão corre nestes tempos de saudosismos salazarentos. Quem não viu tal aviso pode consultar aqui a cópia arquivada.

PS: Parece que ninguém percebeu a piada do anúncio ''dinheiro já'', enfim... não nasci para comediante...

terça-feira, 12 de outubro de 2004

GRANDE LATA!

Agora a AAPB colocou publicidade no aviso à ''entrada'' deste blogue! Devem estar a seguir a mesma lógica de colocação de anúncios de dinheiro fácil em sites de empresas públicas, como a RTP.
CONSTRUÇÃO

«Construção»

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

--

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

Letra e música de Chico Buarque de Hollanda.
in LP ''Construção'', 1971.

Transmitiu o Magazine d'A2 um excerto deste tema e veio-me à memória a lembrança dos meus nove anos, época em que pela primeira vez o ouvi. Nesses tempos dava-me sempre, inexplicavelmente, um nó na garganta.
Tenho agora o cd rodando no leitor e continuo sentindo essa angústia absurda perante algo de beleza tão estranha.

PS: Constato agora que me esqueci das três estrofes do tema ''Deus lhe pague'' cantadas pelo coro no fim (na gravação de 71), lapso entretanto corrigido.

segunda-feira, 11 de outubro de 2004

SOBRE A COMUNICAÇÃO AO PAÍS DE SUA EXCELÊNCIA O PRIMEIRO-MINISTRO DA REPÚBLICA PORTUGUESA, SENHOR DOUTOR PEDRO SANTANA LOPES

Pá! Três meses a gramar contigo já é muito tempo, vai-te embora e leva contigo o teu gang. Vão todos prò ca*****.

PS: Estás com sorte porque este blogue tem fama de intelectual, senão nem tinhas direito a asteriscos.

sábado, 9 de outubro de 2004

JACQUES DERRIDA



Morreu o grande filósofo francês Jacques Derrida.
Poderão ler a entrevista ''Qu'est-ce que le terrorisme ?'', efectuada em Fevereiro deste ano, no sítio do Le Monde diplomatique.

sexta-feira, 8 de outubro de 2004

PARA CÚMULO...

... o aviso da Altíssima Autoridade está a espantar a freguesia.

quinta-feira, 7 de outubro de 2004

OLHÒ CONTRADITÓRIO FESQUINHO!

Demorou quatro anos, mas finalmente descobriu-se que o Professor Marcelo tinha falta de contraditório, tadinho!
Claro que este artigo, ao falar de um comentador que fazia análise política dialogando somente com o pivot do ''Jornal da Noite'', se refere ao Brasil. Cá no nosso cantinho o pluralismo sempre existiu em todos os orgãos de informação, públicos ou privados.
Até eu estava a falar da política brasileira quando um tal Barroso deu uma ''entrevista'' à SIC antes de um período eleitoral.
Vou mas é dedicar-me à importação de lápis azuis, parece que vão começar a ter muita saída.

quarta-feira, 6 de outubro de 2004

DETESTO...

....fadistas queques. Deixa cá ver a 2, xiiiii enlatado americano. Na SIC cerimónias hollywoodescas e na TVI telenovela estilo lusomexicano. Lá tenho que me levantar para desligar a tv (que o telecomando tem falta de pilhas).

segunda-feira, 4 de outubro de 2004

PHOTOGRAPHIA VI


© Daniel Blaufuks; ''Paisagem Suspensa'', 1999.

Como (quase) sempre pode clicar na imagem para ver uma ampliação.

domingo, 3 de outubro de 2004

E O OUTONO...

...por onde anda?


''Jardin en Automne'' de Vincent van Gogh.

Como (quase) sempre pode clicar na imagem para ver uma ampliação.
MAIS PROBLEMAS TÉCNICOS

Primeiro foram as imagens a desaparecer devido a problemas (aparentemente ainda não resolvidos) no Photobucket. Agora os comentários do Haloscan desapareceram sem deixar rasto, até o site se evaporou! Optei por mudar para o Enetation, espero ter sorte porque, no passado recente, surgiram bastantes problemas com este serviço de comentários.

PS: Já consigo entrar na minha conta no site do Haloscan, mas não consigo visualizar os comentários no blogue. Já não mexo em mais nada, fica como está.

PS2: Graças à cópia de segurança do template tudo voltou (assim o espero) à normalidade.

sexta-feira, 1 de outubro de 2004

DIA MUNDIAL DA MÚSICA


Gustav Klimt. ''Música I'', 1895.
NO ''ABAIXO DE CÃO'' O ''CÃO'' DE ALEXANDRE MANUEL VAHIA DE CASTRO O'NEILL DE BULHÕES

CÃO

Cão passageiro, cão estrito
Cão rasteiro cor de luva amarela,
Apara lápis, fraldiqueiro,
Cão liquefeito, cão estafado
Cão de gravata pendente,
Cão de orelhas engomadas,
de remexido rabo ausente,
Cão ululante, cão coruscante,
Cão magro, tétrico, maldito,
a desfazer-se num ganido,
a refazer-se num latido,
cão disparado: cão aqui,
cão ali, e sempre cão.
Cão marrado, preso a um fio de cheiro,
cão a esburgar o osso
essencial do dia a dia,
cão estouvado de alegria,
cão formal de poesia,
cão-soneto de ão-ão bem martelado,
cão moido de pancada
e condoído do dono,
cão: esfera do sono,
cão de pura invenção,
cão pré fabricado,
cão espelho, cão cinzeiro, cão botija,
cão de olhos que afligem,
cão problema...
Sai depressa, ó cão, deste poema!


Alexandre O'Neill

PS: Bem sei que este poema já foi divulgado em vários blogues de referência, mas o ''Abaixo de Cão'' é, obviamente, o sítio mais indicado.

terça-feira, 28 de setembro de 2004

CARAVAGGIO


Michelangelo Merisi ''Caravaggio'' (28/9/1573*18/6/1610).
As Sete Obras da Misericórdia, 1607.

domingo, 26 de setembro de 2004

PROBLEMAS TÉCNICOS...

... com o servidor de imagens Photobucket estão a impedir a visualização de imagens em vários blogues, incluindo este. Parece que estão a ser alvo de um ataque, espero que o problema se resolva rapidamente.
QUE EXAGERO!

Michelangelo só aqui foi referido duas vezes, não era necessário colocar este blogue na lista de sites relevantes sobre Michelangelo Buonarroti (ver o nº 69 da lista ''Relevant Sites: Michelangelo Buonarroti'').

sábado, 25 de setembro de 2004

PHONOGRAPHIA V

Gustav MAHLER (1860-1911)
Sinfonia Nº2 ''Ressurreição''
Eteri Gvazava, soprano, Anna Larsson, contralto
Orfeón Donostiarra
Orquestra do Festival de Lucerna; Claudio Abbado
Claude DEBUSSY (1862-1918)
''La mer''
Orquestra do Festival de Lucerna.

Maestro: Claudio Abbado.
Gravado ao vivo no Festival de Lucerna, Verão de 2003
Editora: Deutsche Grammophon.

Nos últimos dois dias tenho ouvido esta (nova) gravação vezes sem conta, quase obsessivamente.
Nunca o ''La Mer'' de Debussy foi interpretado com tanta leveza e paradoxalmente com tanta intensidade. A atenção à dinâmica produz uma leitura original e cativante sem deixar de ser fiel às intenções do compositor.

A ''Ressurreição'' é plena de murmúrios, silêncios, horizontes longínquos, trompas e vozes distantes, mas também de clímaxes incandescentes magistralmente construídos pelos excelentes solistas, coros e orquestra.
Uma das melhores interpretações de qualquer sinfonia de Mahler de que há registo e se se quiser resumir poder-se-á dizer: genial Abbado!

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«MAHLER: SINFONIA DA RESSURREIÇÃO»

Ante este ímpeto de sons e silêncio,
ante tais gritos de furiosa paz,
ante o furor tamanho de existir-se eterno,
há Portas no Infinito que resistam?
Há infinito que resista a não ter portas
para serem forçadas? Há um paraíso
que não deseje ser verdade? E que Paraíso
pode sonhar-se a si mesmo mais real que este?

Jorge de Sena.
28/7/1967

SAL


© Rodrigues. Nu, Maio de 2004.


«CONHEÇO O SAL...»

Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu inverno
da carne repousada em suor nocturno.

Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.

Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.

Conheço o sal que resta em minhas mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.

Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.

A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.

Jorge de Sena.
© Mécia de Sena

terça-feira, 21 de setembro de 2004

PROMESSA

SEGUNDA-FEIRA, 20 DE SETEMBRO DE 2004.
Havendo um número tão grande de blogues escritos em português decidi elaborar listas exaustivas com todos os nomes e endereços electrónicos.
As listas serão publicadas até às zero horas de hoje; se se registar um grande número de erros (ou houver novo adiamento na publicação) saberei daí tirar as consequências bloguíticas.

TERÇA-FEIRA, 21 DE SETEMBRO DE 2004.
Devido a problemas vários com o processador de texto (conhecido por ''programa informático'') terei de fazer as listas manualmente; mas prometo que até ao fim do mês estará tudo pronto.
Estou ainda a ponderar processar judicialmente a firma responsável pelo ''programa informático'', mesmo sendo os seus dois administradores grandes amigos meus.

PS: E agora algo totalmente diferente. Achei pitoresca a notícia da escola feita com contentores e muito exótica a escola de ensino básico, com 18 alunos, dentro da garagem de uma vivenda. O pitoresco, o exótico e o castiço ficam sempre bem num país de turismo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2004

COLORGRAPHIA III


Jackson Pollock (1912-56). ''Easter and the Totem'', 1953; óleo sobre tela; The Museum of Modern Art, Nova Iorque.

domingo, 19 de setembro de 2004

FORÇA CAMPEÕES!

Hoje às 7 da manhã inicia-se a participação nacional nos Jogos Paralímpicos de Atenas. Agora é que vamos ver atletas portugueses ganhando resmas de medalhas.

quinta-feira, 16 de setembro de 2004

TIDE, PORQUE... BRANCO MAIS BRANCO NÃO HÁ

Que stress o sô ministro Bagão Félix está a sofrer neste momento, a sô dona Judite só faz perguntas difíceis. Não vi o nome do programa mas deve ser ''Conversa Familiar a Dois''.

quarta-feira, 15 de setembro de 2004

SETÚBAL, 15 DE SETEMBRO DE 1765

''Magro, de olhos azuis, carão moreno''

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno:

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades:

Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.

Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805)

PARABÉNS!

Às miúdas mais talentosas, inteligentes, bonitas e loucas da blogosfera portuguesa.
PHONOGRAPHIA IV

Quinteto ''A Truta'' de Schubert, Quarteto L'archibudelli e Jos Van Immerseel. 

Obviamente dedicado às Trutas

segunda-feira, 13 de setembro de 2004

SIM, SR. MINISTRO

Muito bem! Gostei da lição de finanças transmitida em directo. Está encontrado o homem certo; há que equilibrar as finanças e acabar com o cancro do deficit. Já se sabe que depois disso este país vai ser um cantinho de gente feliz; tal como daquela vez em que um professor cá chegou, colocou as continhas em ordem e depois tratou de colocar os portugueses na ordem.
Bem... agora vamos traduzir:
1- O Governo anterior afinal só manteve o deficit abaixo dos 3% devido às receitas extraordinárias; ia eu dizer, devido a truques de ilusionismo, mas o sô ministro afirmou que não era mágico.
2- Há que reduzir as despesas inúteis e portanto cortar em coisas como a Saúde e a Segurança Social sobrando assim receitas para submarinos e carros ministeriais.
3- Fica prometido o combate aos lucros socialmente injustos das instituições financeiras, especialmente nas zonas offshore (da Madeira, Claro). Ó Bagão, não me digas que não conheces o Alberto João e o Jardim Gonçalves!
4- Fiquem todos descansados que em 2005 já se pode alargar um pouco o cinto e em 2006 vai ser tudo à fartazana; independentemente do estado da economia.

Agora um pouco de futurologia. Em 2006 numa entrevista de rua:
- E a senhora, na sua opinião, quem ganhará as eleições?
- O Santana Lopes.
- Então Porquê?
- Olhe menina, o pouquinho dinheiro que recebo é o da reforma; pelo menos nestes dois anos as coisas melhoraram um bocadinho. Os políticos são todos iguais, fiquem lá estes que ao menos já sabemos com o que contamos!

quinta-feira, 9 de setembro de 2004

AGRADECIMENTOS

Este blogue, especialmente nos últimos dias, tem recebido palavras simpáticas que muito agradeço. Vou tentar chegar ao 2º ano, uma provecta idade nestas coisas da net, escrevendo sobre aquilo que eu gosto (a Arte, a Música, o planeta Terra) e de coisas que detesto (políticos hipócritas, por exemplo). Obviamente este blogue continuará a ser ''discreto e rezingão, justo e provocador'' e será para o seu autor motivo de orgulho, apesar da pouca divulgação feita a amigos, familiares e colegas.
Muito obrigado pelos textos enviados. Mesmo depois da data de aniversário poderão remeter as vossas redacções para publicação; dá sempre jeito ter posts à borla ;-) .

PS: ''O... feito pelos seus leitores'', onde é que eu já li isto?!
PS2: ''Agradecimentos''? Até parece que ganhei um Oscar...
O ABAIXO DE CÃO FEITO PELOS SEUS LEITORES III

O nosso cão é lindo e faz um ano
O primeiro dos salmoneteiros. O presidente do MOCHAT. E um dos meus blogues de eleição desde que por aqui ando. Discreto e rezingão, justo e provocador, não sei se morde, mas lá que ladra... Um grande beijo e muitos parabéns. E põe um sorriso na cara, meu lindo! A malta não comenta muito porque há sítios assim, onde apetece pensar muito e falar baixinho. Sshhhh...


"Iphigenie", escultura de Joseph Beuys (1921-1986).


"Segredo entre Joseph Beuys e eu"

contemplamos
o início da luz estilhaçada
pelo animal sacrificado tocamos o homem
cuja vida se desprende do centro da terra
e
sob a sola do sapato de chumbo
uma cabeça de sangue e de mercúrio escorre
oxidando a vulcânica lâmina da memória

contemplamos
o início da luz estilhaçada
pelo homem tocamos o sacrificado animal
cuja morte se prende à intriga do coração
e
sob a sola do sapato de chumbo
uma artéria pulsa incandescente e escorre
dos olhos do animal para os olhos do homem

contemplamos
o início secreto da eterna luz e da treva
atentos
à morte do esplêndido universo

Al Berto, in A Secreta Vida das Imagens, Contexto.

Manel da Truta, The Amazing Trout Blog.
O ABAIXO DE CÃO FEITO PELOS SEUS LEITORES II

''Estatutos''

''O Engenheiro endireitou a franja e disse para o programa do lado, estou bem, ó Granja?

O Vasco não respondeu, entretido que estava a visionar mais um desenho animado que terminava em Koniec. Koniec, explicou ele, era uma aldeia de desenhos animados. Um dia, vaticinou, isto ainda acaba tudo num desenho animado. Uma espécie aldeia onde se resistirá ainda, a única aldeia. O Engenheiro, já de franja arranjada, respondeu, não me fales em aldeias, ando farto de hortas. O que eu queria era ser filósofo, anda aí um rapaz a dizer coisas e farta-se de vender as publicações dele. Estás a falar do Wittgenstein? retorquiu o outro, largando a fita de buraquinhos e aos quadradinhos. Em cada quadradinho uma imagem, ao longe um fundo preto, de perto uma tonalidade verde... Não, estou mesmo a referir-me a um filósofo desconhecido da grande parte do público, disse o Engenheiro. Resolve tudo à espadeirada samurai, ou coisa que o valha. Filosofias orientais? Isso são Hentais, respondeu Vasco e regressou à sua fita, já desinteressado da conversa.
De muito perto, muito perto, com a fita a correr nos dedos, quase quase que parecia que a tonalidade verde era composta por símbolos em queda...

Koniec.

(Catarina)''

Nota da Redacção: Para melhor apreciar o texto da Catarina é aconselhável ler os estatutos cá do sítio.
O ABAIXO DE CÃO FEITO PELOS SEUS LEITORES I

"Herdámos uma casa. Feita de folhas, flores,
frutos. De águas vidradas, peixes enamorados.
Infância do mundo - translúcida. Que as águas
foram, antes do ferro e da ferrugem, o espelho -
mágico onde o homem aprendeu a conhecer a
sua face, a olhar-se nos olhos, a emendar, na
página de um sorriso, as suas rugas precoces."

Albano Martins

Parabéns a um blog "sem rugas", que gosto de visitar diariamente.
Não desista.

Aliete

Eviado por "Aliete Iria" aliete@.pt

Nota: endereço de e-mail não revelado por não saber se a remetente o permite.
1 ANO

Pronto, já está! Um ano já cá canta, mais tarde farei os discursos formais da praxe. Agora vou publicar os textos já recebidos que muito agradeço e depois vou prà cama que estou cheio de sono.

quarta-feira, 8 de setembro de 2004

BANDEIRA E SELECÇÃO

Há meses que ando com esta atravessada. Porque carga d'água, nos jogos da Selecção, são sempre distribuidas bandeirinhas com a reprodução da bandeira nacional numa face e o simbolo da empresa patrocionadora (hoje era a TMN) na outra? Se o actor João Grosso foi preso há anos por "desrespeitar o Hino Nacional", porque é que os responsáveis por estas geniais ideias não têm de cumprir o Artigo 332º do Código Penal?
JUVENTUDE DE 500 ANOS


MICHELANGELO Buonarroti (n.1475, Caprese; f. 1564, Roma)
"David", estátua apresentada a 8 de Setembro de 1504.
Mármore, altura de 434 cm.
Galleria dell'Accademia, Florença.
CURIOSAMENTE...

...tendo as visitas a este blogue aumentado 42% desde Agosto (em relação à média deste ano) e 61% nos primeiros dias de Setembro; o número de comentários diminuiu cerca de 6%.
Lá tenho eu de recorrer a truques baratos para soltar a língua a este pessoal...
DAS DUAS, UMA...

...ou não vou receber nenhuma prenda :-( ou então estão todos, muito portuguesmente, à espera que chegue o fim do prazo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2004

PROGRAMA PARA ESTA SEMANA


domingo, 5 de setembro de 2004

CONTA-CORRENTE (SOBRE BACH)

''Hoje o Gilo faz 48 anos. Quase cinquentenário - digo-lhe -, já um período para haver História. E para comemorarmos o feliz evento, vamos inaugurar o almoço de Verão na Feira Popular. E enquanto esperamos pela hora, ouço em «disco compacto», que ele me ofereceu, trechos de Bach (Fantasia, Fuga, Corais). É uma música de orgão e assim mesmo logo ritual ou sagrada. Pergunto-me porque tanto me emociona e não sei bem. Música de largos espaços mas que não tem nada que ver com o carácter espacial da de um Wagner ou da Sinfonia do Novo Mundo de Dvorak. Porque o espaço destes é da superfície da Terra e o de Bach do Universo, de um espaço vazio e cósmico, do interior do que existe, do seu Ser. Música do infinito e do sem-tempo, de um mundo desabitado, confrontado com a divindade, como se antes mesmo da sua criação. O que em mim nela escuta é a pureza do meu silêncio interior, a suspensão do que em mim respira e sente, de uma graça que sobre mim descesse e me despegasse de tudo o que há de terreno, a eternidade do meu corpo, transfundido de tudo o que nele é perecível e prometido à morte. Porque é no meu corpo que a escuto, no transcendente da sua miséria e degradação. Música de Bach. Música das constelações, de astros mortos perdidos no impensável do infinito. Alegria calma de existir. Sagração de mim.''
Vergílio Ferreira in ''Conta-Corrente'', Nova Série II; 1993.

sexta-feira, 3 de setembro de 2004

LUGAR-COMUM?

Pode ser que sim, mas o melhor do Mundo são as crianças.
MUNDO CÃO


© Associated Press
PHONOGRAPHIA III


J.S.Bach, Missa em si menor; Gardiner.

Aproveitando o cheiro da terra molhada e enquanto não vem uma vaga de calor; Bach, agora e sempre.


Brahms, 3ª e 4ª Sinfonia; London Classical Players, Norrington.

Brahms revisitado numa interpretação cheia de revelações. O cd infelizmente já não se encontra à venda.

quinta-feira, 2 de setembro de 2004

PRENDAS

Na próxima quinta-feira, dia 9, completará este blogue um ano de vida. Para todos os que já estão a pensar que presente oferecer deixo aqui a minha sugestão, posts. Isso mesmo, poderá escrever aqui no ''Abaixo de Cão'' quem assim o entender.
O seu texto deverá ter entre uma e cem mil palavras e abordar qualquer assunto. Pode enviá-lo por e-mail, para blog_adc [arroba] yahoo.com .
Quem consta na lista dos ''Bons Blogues'' tem ainda a possibilidade de solicitar uma senha (password) para postar aqui directamente.
Apreciarei previamente os textos de quem não constar da lista acima referida; não me estão a ver a publicar prosa do ''Jaquinzinhos'' ou do ''Blogue do Caldas'', pois não?
A partir do dia 9 começarão a ser publicados todas as redacções recebidas (se houver alguma) que estejam de acordo com os estatutos.
Vamos a despachar que só falta uma semana!

quarta-feira, 1 de setembro de 2004

PERGUNTINHA II

Ó Ministro dos Transportes, parece que pretende indexar o preço dos transportes públicos à variação trimestral do valor dos combustíveis; isso quer dizer que, nos trimestres em que a cotação do petróleo baixar, passes e bilhetes terão o seu preço reduzido? Ai é? Assim já estou mais descansado!
Ora deixa cá ver... uma vez que o valor dos passes irá depender do nível de rendimentos de cada um (ou a ideia era do ministro anterior?), nos períodos de descida os mais desfavorecidos vão andar à borla, que maravilha!

Estes gajos do Governo só me gozam!
PERGUNTINHA

Ó Director de Programas d'A2, porque é que insiste em programar enlatados americanos de merda, do estilo ''24''?

terça-feira, 31 de agosto de 2004

TINTAS II


Josefa de Óbidos [1630 - 1684].
"Cesta com Cerejas, Queijos e Barros" c. 1670-1680, óleo sobre tela
50 x 110 cm.

PS: Clique na imagem para ver a ampliação.

segunda-feira, 30 de agosto de 2004

HIPOCRISIA

Ninguém duvida que o tema do aborto divide e dividirá a sociedade portuguesa, que os argumentos pró e contra despenalização são intermináveis.
Porém não nos esqueçamos das bonitas palavras proferidas após o último referendo. Prometeu o Beato Guterres uma aposta no planeamento familiar, na educação sexual dos jovens, no apoio às mães desfavorecidas. A actual Beata Maioria continuou a política guterrista, ou seja: não fez nada.
Quando se convence esta hipócrita gente que é necessário falar aos jovens sobre sexualidade sem medos nem tabus?
Quando é que uma consulta de Planeamento Familiar estará acessível a qualquer pessoa, independentemente da idade, sem impedimentos, sem burocracias e sem juízos de valor?
Quando é que neste país se combaterá verdadeiramente a SIDA, promovendo campanhas a sério e facilitando realmente o acesso ao preservativo?
Quando é o Rendimento Social de Reinserção será concedido a todos os que dele necessitam?
Quando é que acabam com todas as barreiras, por muito subtis que sejam, a quem precisa de recorrer à ''Pílula do Dia Seguinte''?
Quando é que alguém com rendimentos pouco elevados receberá ajuda financeira se quiser adoptar?
Todas estas perguntas só têm uma resposta: a hipocrisia de alguns conduz milhares de mulheres todos os anos ao aborto clandestino.
Nada mal para quem se diz pela vida.
SERÁ HOJE...


...que o Mundo irá ouvir o Medúlla? Posso-vos garantir, pelos excertos que já ouvi e pelo que li na Internet, que este é um projecto de música pop decididamente não comercial.

quinta-feira, 26 de agosto de 2004

TINTAS

Carel Fabritius, ''O Pintassilgo'' 1654.

Porque me apeteceu...

domingo, 22 de agosto de 2004

NÃO COMPREM


Edvard Munch [12 Dez. 1863; 23 Jan. 1944] ''O Grito'', versão de 1894.


Edvard Munch [12 Dez. 1863; 23 Jan. 1944] ''Madonna'', versão de 1894.


Se alguém vos tentar vender os quadros acima reproduzidos não comprem, foram roubados hoje do Museu Munch em Oslo.
Ao contrário do que noticia o Público, ''O Grito'' roubado há dez anos da Galeria Nacional Norueguesa é a versão mais conhecida de 1893; os ladrões hoje levaram a de 1894 juntamente com o quadro ''Madona'' pintado no mesmo ano.
Parecem ser uns larápios românticos, escolheram o mesmo dia que o do roubo da ''Mona Lisa'' em 1911.

sexta-feira, 20 de agosto de 2004

WWW - SELECÇÃO DA SEMANA II


Ocean Explorer, um excelente sítio sobre os oceanos, a última fronteira da Terra. Pertencendo ao Governo americano ficamos a saber que existem alguns (muito poucos) aspectos positivos na administração Bush.


MSN Web messenger. Para quem usa regularmente, como eu, o MSN Messenger este sítio permite utilizar o serviço online sem necessidade de ter o programa instalado. Em fase experimental (beta) até ao fim deste ano.


BugMeNot. Certamente ao navegar na Internet já deparou com sites que obrigam ao registo gratuito para aceder ao respectivo conteúdo. Em muitos casos terá de preencher um extenso formulário onde é obrigatório inscrever o endereço de e-mail, claro que depois não é de estranhar ter a caixa de entrada cheia de ''enlarge your penis'' e outras preciosidades do spam. Para evitar todas essas chatices coloque o endereço pretendido no Bugmenot e eventualmente encontrará um nome de utilizador e uma senha.


História do Dia. Uma história diferente todos os dias para o pessoal de palmo e meio.

quinta-feira, 19 de agosto de 2004

COLORGRAPHIA II




Francis Bacon, Study after Velazquez's Portrait of Pope Innocent X - 1953.
A Igreja e o milenar medo da mudança.
Clique em "Mensagens antigas" para ler mais artigos fantásticos do Arquivo.

Temas

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