sábado, 28 de fevereiro de 2004

UM SÉCULO DE SPORT LISBOA e BENFICA



Um século de paixão. 

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

ESCLARECIMENTO


A imagem com a bandeira do Bloco destina-se a desfazer mal-entendidos. Se o caro leitor , depois de ter lido este ''post'' das Trutas, esperava aqui encontrar mais um blogue da nova (velha) direita trauliteira e bafienta, enganou-se redondamente.
O dito ''post'' tem como origem um comentário irónico por mim feito, porém qualquer papa-hóstias fundamentalista clica logo na ligação (''link'' em americano) aqui do ''Abaixo de Cão'' ao ler no ''Amazing'':
''O acto sexual é para fazer filhos - disse ele. Um poema de Natália Correia a João Morgado (CDS)''  

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004

CONTEÚDO

A publicidade do Google no Blogger.com normalmente está relacionada com o conteúdo do respectivo blogue. Por isso é com um certo orgulho que, ultimamente, tenho visto na barra de publicidade textos como este:
"Pintura na Espanha clássica. - www.cosacnaify.com.br
Os grandes mestres de 1500-1700 Velázquez e outros grandes mestres
Pesquisas relacionadas: *gustav mahler *mahler // Ads by Google ".

PS: Já sei o que vão dizer , durante muito tempo esteve aqui um anúncio a uma empresa de produtos lnsuflávels (escrito assim para ver se a coisa não volta a aparecer), mas que querem? Nenhum blogue é perfeito...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

MINORIAS

Apesar de pertencer à grande maioria dos brancos heterossexuais benfiquistas com telemóvel, tenho tendência para as minorias. Pertenço à minoria dos ouvintes da Antena 2, dos espectadores d'A2 (nome tão parvo!), dos eleitores do Bloco de Esquerda, dos que não possuem carta de condução (suspeito que, brevemente, vou deixar de fazer parte desta minoria, os péssimos transportes públicos a isso obrigam), dos que não viram o ''Lost in Translation'' (nem o ET!) e de muitos outros grupos ''marginais''.
Por tudo isso gosto do blogue desta jovem aguerrida, mas bem-humorada.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2004

MARIA HELENA DE FREITAS (1913-2004)

Após o seu falecimento no passado fim-de-semana não poderia deixar de aqui evocar Maria Helena de Freitas. Soube, como ninguém, transmitir a sua paixão e os seus conhecimentos sobre a ópera no seu programa radiofónico ''O Canto e os seus Intérpretes'', emitido semanalmente desde 1959.
Acompanhei-a com atenção e deleite durante muitos anos e devo-lhe a revelação dos grandes cantores líricos da história (ainda tenho gravados vários dos seus programas). Fico triste com a partida de alguém que tanta falta fará à cultura portuguesa.
Sobre a D.ª Maria Helena encontrarão mais informações no ''Portugal dos Pequeninos'', no ''Crítico''' e no ''Público''.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004

ZECA (2/8/1929 - 23/2/1987)



Aos oito anos, idade que tinha no 25 de Abril, comecei a ouvir Zeca Afonso. Quando entrei na adolescência rejeitei o grande cantor; reacção natural naquela fase da vida, queria coisas mais ''modernas''. Estava a nascer o ''novo rock português'' e os ''velhos'' da música de intervenção eram história, porém apareceu o Sérgio Godinho do ''Canto da Boca''. Através do Sérgio descobri então o Zeca, homem íntegro que com a sua voz se tornou num símbolo de resistência à longa ditadura.
Depois da Revolução de Abril participa activamente na construção da Utopia, porém com o passar do tempo (e apesar das homenagens quando já se encontrava gravemente doente) os vários poderes foram esquecendo o homem e o artista. Esquecimento injusto de quem nos dirige e que quer transformar este país numa empresa lucrativa com empregados produtivos e sem inutilidades na cabeça.

Aqui vos deixo a letra de uma das minhas (muitas) canções favoritas:

Canto jovem

Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias do mar nos vamos
À procura da manhã clara

Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo duma montanha

Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca 
O PAÍS DO CARNAVAL

Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976)


Carnaval, óleo sobe tela; c. 1960




Figuras Carnavalescas, óleo sobe tela (100 x 82 cm); 1965.



Samba, óleo sobre tela (63 x 48 cm); 1928.




Favela, óleo sobe cartão (35 x 28,3 cm); 1925.




Cabeça de Mulata, pastel sobre cartão (38 x 30,5); c. 1920.




Uma Flor para Di Cavalcanti

Esta é uma flor para Di,
uma flor em forma di-
ferente: de flor-mulher,
desabrochada onde quer
que exista amor e verão .
Verão como a cor cinti-
la nas curvas, e sorri
nesse púrpuro arrebol
que Di tirou do seu Rio
coado de mel e sol .
Uma flor-pintura, zi-
nindo o canto de amor
que acompanhou toda a vi-
da do pincel, o gozo-dor
de criar e de sentir, di-
vina e tão sensual ração
que coube, na Terra, a Di.

Carlos Drummond de Andrade
in Carlos Drummond de Andrade: poesia e prosa.

© Herdeiros de Drummond de Andrade e Di Cavalcanti.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

DESEMPOEIRANDO OS CD's

CD's adormecidos nas caixas, a ouvir nos próximos dias.


Quinteto ''A Truta'' de Schubert, Quarteto L'archibudelli e Jos Van Immerseel.
Uma obra musical cheia de sol, uma interpretação próxima do mundo sonoro do compositor.



''Abbey Road'' dos Beatles de 1969.
And in the end the love you take is equal to the love you make...



''The Köln Concert'' de Keith Jarrett, 1975.
A magia da música improvisada num concerto inesquecível.



Obra completa de Edgar Varèse (1883-1965) pela Orquestra do Concertgebouw sob a direcção de Riccardo Chailly.
Há quem diga que este compositor foi um logro, eu simplesmente adoro as suas obras.



''Treasure'' dos Cocteau Twins, 1984
Hipnótico.



Quarteto k.464 e k.465 ''Dissonâncias'' de Mozart pelo quarteto Mosaïques.
A mais bela interpretação das mais belas dissonâncias da história da música.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

NOTAS SOLTAS III

Aos polícias municipais. Agentes da Polícia Municipal detiveram hoje, na Baixa de Lisboa, um jovem que tocava música sem licença para tal. Ouve grande confusão pois as pessoas que passavam tentaram impedir tal detenção (fico feliz por saber que ainda há gente que se revolta com atitudes prepotentes). O desgraçado, que mal deve ter para comer, vai ter de pagar uma coima. Como não estive lá, aproveito agora para dizer aos senhores zelosos agentes: "Se ele estivesse a cometer um assalto à mão armada viravam a cara para o lado pois não é da vossa jurisdição''
PS: Tenho de ir à minha Câmara Municipal para verificar se não existe nenhuma licença que eu desconheça, talvez haja alguma de utilização dos passeios ou de consumo do oxigénio público.

Spam
Mensagem de e-mail encontrada na pasta do ''spam'':
Sender -> ''WildThings'' Subject -> ''get laid now with your neighbor''
Deus ma livre!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

O COSMOS, O QUE É? V


Foto da análgama Abell 2218 (clique na imagem para ver a ampliação)


Pormenor da foto de cima, a galáxia recentemente descoberta surge como um arco vermelho no centro da imagem

Usando a Advanced Camera for Surveys do Telescópio espacial Hubble em conjunto com os telescópios Keck do Havai, uma equipa de astrónomos consegui descobrir a galáxia mais antiga jamais observada! A luz captada foi emitida quando o Universo tinha apenas 750 milhões de anos e demorou 13 mil milhões de anos a chegar até nós! É uma pequena amostra da alvorada cósmica pois não esqueçamos que olhar para longe é olhar para o passado, o espaço e o tempo estão intrinsecamente ligados.
Esta galáxia primitiva está tão atrás no tempo que é impossível ser observada pelos métodos normais. A descoberta só foi feita quando a equipa observava uma amálgama de galáxias denominada Abell 2218. A massa dessa amálgama é tão grande que toda a luz que a atravessa é deflectida sendo a sua intensidade triplicada. Tal fenómeno produz o efeito conhecido por ''lente gravitacional '' (previsto por Albert Einstein) em que os corpos distantes surgem ''ampliados'' em múltiplas imagens idênticas .
Diz Frederic Chaffee, director do W. M. Keck Observatory ''We are looking at the first evidence of our ancestors on the evolutionary tree of the entire universe''. 

domingo, 15 de fevereiro de 2004

A RODAR NO LEITOR DE CD's



Gustav Mahler (1860-1911). ''Das Lied von der Erde'' (A Canção da Terra) (1909) e três ''Rückert Lieder'' (1901).
Julius Patzak, tenor; Kathleen Ferrier, contralto; Orquestra Filarmónica de Viena dirigida por Bruno Walter.
Gravada na ''Grosser Saal, Musikverein'' Viena de Austria em Maio de 1952.
Restaurada a partir de prensagens em vinil por Mark Obert-Thorn.

Apesar de antiga estou sempre a voltar a esta gravação. 

sábado, 14 de fevereiro de 2004

A MINHA OBSESSÃO CINEMATOGRÁFICA









Hoje trago-vos, pela mão do mestre Hitchcock, um dos mais belos filmes da história do
Cinema. Claro que me refiro ao ''Vertigo'' de 1958, a minha obsessão cinematográfica. Como em todas as películas do grande realizador o mistério e o ''suspense'' estão presentes, porém, nesta obra, Hitchcok toma a atípica decisão de colocar o clímax a meio do filme com um efeito devastador.
O que se segue é um pungente e tortuoso estudo do amor perdido do detective Scottie Ferguson (James Stewart) pela malograda Madeleine (Kim Novak), da obsessão e da impossível ressurreição. O retrato de uma perda insuportável sem paralelo na história do cinema.
Depois de no início nos ser sugerido o sobrenatural, tudo fica realmente explicado nos últimos minutos sendo a última cena a mais desconcertante e surpreendente que jamais vi na sétima arte.
A música de Bernard Herrmann (da qual não consigo encontrar CD's em lado nenhum!!) é o terceiro protagonista, através dela acompanhamos os medos de Scottie, o mistério de Madeleine, os encontros e desencontros, o desespero, a perda irreparável, a loucura, a ilusão e finalmente a Morte. O compositor criou uma atmosfera evocativa não só de obsessão, raiva, angústia e ansiedade, mas também de delírio romântico (roçando, por vezes, a histeria).
Como os filmes são para ver e não ler, sugiro que comprem o DVD. Claro que, sendo uma obsessão minha, voltarei a escrever sobre esta obra.








Capa do DVD de ''Vertigo'' (A Mulher que Viveu Duas Vezes, em português), com o documentário sobre o restauro do filme. 

© 1958 Universal Pictures.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

INFORMAÇÃO

Informo todos os leitores deste blogue que, depois de muitos anos a ouvir centenas (milhares?) de compositores de todas as épocas e origens, cheguei à conclusão que não gosto de Frescobaldi.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

PODES CRER!

100% de acordo com o post O Modelo e a Cauda do Portugal dos Pequeninos.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

TORGA III

Êxtase

Terra, minha medida!
Com que ternura te encontro
Sempre inteira nos sentidos,
Sempre redonda nos olhos,
Sempre segura nos pés,
Sempre a cheirar a fermento!
Terra amada!
Em qualquer sítio e momento,
Enrugada ou descampada,
Nunca te desconheci!
Berço do meu sofrimento,
Cabes em mim, e eu em ti!

Monforte do Alentejo, 28 de Dezembro de 1968

Miguel Torga in Diário XI
© Publicações Dom Quixote,«Antologia Poética», Lisboa, 5.ª ed.1999.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2004

NEVOEIRO

Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer--


Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogofátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,


Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.


Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!

Fernando Pessoa in ''Mensagem'' terceira parte O ENCOBERTO, III OS TEMPOS, Quinto / Nevoeiro
© Editora Assírio & Alvim

domingo, 8 de fevereiro de 2004

VERLAINE

La lune blanche...

La lune blanche
Luit dans les bois ;
De chaque branche
Part une voix
Sous la ramée...

Ô bien-aimée.

L'étang reflète,
Profond miroir,
La silhouette
Du saule noir
Où le vent pleure...

Rêvons, c'est l'heure.

Un vaste et tendre
Apaisement
Semble descendre
Du firmament
Que l'astre irise...

C'est l'heure exquise.

Paul Verlaine 1870

sábado, 7 de fevereiro de 2004

PARFUM EXOTIQUE

Parfum exotique

Quand, les deux yeux fermés, en un soir chaud d'automne,
Je respire l'odeur de ton sein chaleureux,
Je vois se dérouler des rivages heureux
Qu'éblouissent les feux d'un soleil monotone ;

Une île paresseuse où la nature donne
Des arbres singuliers et des fruits savoureux ;
Des hommes dont le corps est mince et vigoureux,
Et des femmes dont l'oeil par sa franchise étonne.

Guidé par ton odeur vers de charmants climats,
Je vois un port rempli de voiles et de mâts
Encor tout fatigués par la vague marine,

Pendant que le parfum des verts tamariniers,
Qui circule dans l'air et m'enfle la narine,
Se mêle dans mon âme au chant des mariniers.

Charles Baudelaire in Les Fleurs du mal (1857)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2004

SÉRGIO 


Enquanto não vou ouver o Sérgio Godinho no Coliseu (dia 28) vou ouvindo os seus discos... 

Com Um Brilhozinho nos Olhos

Com um brilhozinho nos olhos
e a saia rodada
escancaraste a porta do bar
trazias o cabelo aos ombros
passeando de cá para lá
como as ondas do mar.
Conheço tão bem esses olhos
e nunca me enganam,
o que é que aconteceu, diz lá
é que hoje fiz um amigo
e coisa mais preciosa
no mundo não há.

Com um brilhozinho nos olhos
metemos o carro
muito à frente, muito à frente dos bois
ou seja, fizemos promessas
trocamos retratos
trocamos projectos os dois
trocamos de roupa, trocamos de corpo,
trocamos de beijos, tão bom, é tão bom
e com um brilhozinho nos olhos
tocamos guitarra
p'lo menos a julgar pelo som

E que é que foi que ele disse?
E que é que foi que ele disse?
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
passa aí mais um bocadinho
que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
portanto,
Hoje soube-me a pouco

Com um brilhozinho nos olhos
corremos os estores
pusemos a rádio no "on"
acendemos a já costumeira
velinha de igreja
pusemos no "off" o telefone
e olha, não dá p'ra contar
mas sei que tu sabes
daquilo que sabes que eu sei
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos parados
depois do que não te contei

Com um brilhozinho nos olhos
dissemos, sei lá
o que nos passou pela tola
do estilo és o "number one"
dou-te vinte valores
és um treze no totobola
e às duas por três
bebemos um copo
fizemos o quatro e pintámos o sete
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos imóveis
a dar uma de "tête a tête"

E que é que foi que ele disse?
...

E com um brilhozinho nos olhos
tentamos saber
para lá do que muito se amou
quem éramos nós
quem queríamos ser
e quais as esperanças
que a vida roubou
e olhei-o de longe
e mirei-o de perto
que quem não vê caras
não vê corações
com um brilhozinho nos olhos
guardei um amigo
que é coisa que vale milhões.

E que é que foi que ele disse?
...

© Letra e música de Sérgio Godinho in ''Canto da Boca''
© LP, Philips/PolyGram, 1981; CD, Universal Music Portugal, 2001.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2004

SUBCANINENIPPLEGATE

Queria pedir desculpa, pelo post anterior, a todos os que aqui vêm (vocês não estão a ver, mas eu estou com um ar de Madalena arrependida).
Não foi nada planeado mas quando eu ia a tapar as mamas acabou-se a tinta na impressora e desse modo os milhões de leitores deste blogue ficaram chocados perante a visão de duas mamas (duas porque neste blogue não se deixa nada a meio).
O Blogger não tinha conhecimento de nada nem os seus patrocinadores (neste momento uma clínica médica em Leiria e uma empresa de produtos insufláveis!). Só espero não ter de invocar a Constituição para me poder defender.

PS:...e pensar que estes americanos mandam no mundo!
BOOBS

Agora é que isto vai animar!
PARECE...

...que tenho de animar o Sitemeter, mas como?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2004

TORGA II 
 
 
 
''Coimbra, 4 de Fevereiro de 1993 - Objectivar no mistério da vida o nosso próprio mistério , o meu, já agora. Um homem! Uma fragilidade obstinada a viver, escrava de mil condicionalismos genéticos, e condenada aos azares da sua contemporaneidade, a enfrentar diariamente o desconhecido, sem carta de rumo e sem credenciais. Mil obstáculos para vencer em cada dia e outras tantas responsabilidades para assumir, quer queira, quer não. E chegar finalmente a quê?
À desoladora conclusão de que nada valeu a pena, que a grande maioria dos acontecimentos só tem a importância que lhe damos. Que, de tão insignificantes que acabam por nos parecer, nos envergonhamos da paixão com que foram vividos.'' Miguel Torga in ''Diário'' XVI (11-1-1990/10-11-1993)

© Publicações D.Quixote (Diário Vols. IX a XVI, 2.ª edição integral)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2004

PARA AS TRUTAS

Como no blogue vizinho se têm publicado, ultimamente, textos e poemas filosóficodepressivos, aqui fica a palavra do mestre Caeiro para lavar os olhos da alma.


O meu olhar é nítido como um girassol

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

-----------
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914
© Editora Assírio & Alvim (Direitos dos herdeiros de Fernando Pessoa cuja obra tinha já caido no domínio público, mas que uma estúpida lei com efeitos rectroactivos, feita pelos eurocratas em Bruxelas, fez voltar tudo ao mesmo)

domingo, 1 de fevereiro de 2004

O COSMOS, O QUE É? IV 
  

©NASA/JPL-Caltech/B. Brandl (Cornell & University of Leiden)
 
Nem só de Marte vive a astronomia, o telescópio espacial Spitzer, lançado em Agosto de 2003, tem revelado dados essenciais para uma melhor compreensão do universo.
A imagem acima apresenta-nos com incrível precisão a Nébula da Tarântula. É um ''instantâneo'' dos complexos processos físico-químicos que regem o nascimento das estrelas. Para mais pormenores consultem o sítio oficial do Spitzer Space Telescope.

Clique em "Mensagens antigas" para ler mais artigos fantásticos do Arquivo.

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