domingo, 30 de maio de 2004

CESARE PAVESE

THE CATS WILL KNOW

Ancora cadrà la pioggia
sui tuoi dolci selciati,
una pioggia leggera
come un alito o un passo.
Ancora la brezza e l'alba
fioriranno leggere
come sotto il tuo passo,
quando tu rientrerai.
Tra fiori e davanzali
i gatti lo sapranno.

Ci saranno altri giorni
ci saranno altre voci.
Sorriderai da sola.
I gatti lo sapranno
Udrai parole antiche
parole stanche e vane
come i costumi smessi
delle feste di ieri.

Farai gesti anche tu.
Risponderai parole -
viso di primavera,
farai gesti anche tu.

I gatti lo sapranno,
viso di primavera;
e la pioggia leggera,
l'alba color giacinto,
che dilaniano il cuore
di chi più non ti spera,
sono il triste sorriso,
che sorridi da sola,
Ci saranno altri giorni,
altre voci e risvegli,
Soffriremo nell'alba,
viso di primavera.


10 Abril de 1950.

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LAST BLUES, TO BE READ SOME DAY

'T was only a flirt
you sure did know
some one was hurt
long time ago.

All is the same
year has gone by -
some day you came
some day you'll die.

Some one has died
long time ago -
some one who tried
but didn't know.


11 de Abril de 1950

Últimos poemas de Cesare Pavese, foram escritos pouco tempo antes do seu suicídio em Turim.

sexta-feira, 28 de maio de 2004

OTOVERME® DO DIA

quinta-feira, 27 de maio de 2004

BOLA II

Muitos, muitos parabéns ao F.C.Porto; sem dúvida a melhor equipa da Europa. Gosto muito de futebol (e do meu Benfica), mas ainda não começou o Euro e já estou farto de bola.
Estou ainda mais farto de cartazes de propaganda política com cartões amarelos e vermelhos. Estou cheio de nojo dos enormes ''placards'' com uma jovem segurando um cachecol verde e vermelho com a frase ''força Portugal!".

NA ÉPOCA DO MEDO...

POEMA POUCO ORIGINAL DO MEDO

O Medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis
vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas
enredos inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no tecto
no múrmutio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
Ouvidos nos teus ouvidos

O Medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos) intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com a certeza a deles

Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente

muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes e angustiados

Ah o medo vai ter tudo
tudo
(Penso que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)

O Medo vai ter tudo
que se tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos

Sim
a ratos

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Alexandre O'Neill

terça-feira, 25 de maio de 2004

CANSADO...

...do blogue.

BORGES

ARTE POÉTICA

Mirar el río hecho de tiempo y agua
y recordar que el tiempo es otro río,
saber que nos perdemos como el río
y que los rostros pasan como el agua.

Sentir que la vigilia es otro sueño
que sueña no soñar y que la muerte
que teme nuestra carne es esa muerte
de cada noche, que se llama sueño.

Ver en el día o en el año un símbolo
de los días del hombre y de sus años,
convertir el ultraje de los años
en una música, un rumor y un símbolo,

ver en la muerte el sueño, en el ocaso
un triste oro, tal es la poesía
que es inmortal y pobre. La poesía
vuelve como la aurora y el ocaso.

A veces en las tardes una cara
nos mira desde el fondo de un espejo;
el arte debe ser como ese espejo
que nos revela nuestra propia cara.

Cuentan que Ulises, harto de prodigios,
lloró de amor al divisar su Itaca
verde y humilde. El arte es esa Itaca
de verde eternidad, no de prodigios.

También es como el río interminable
que pasa y queda y es cristal de un mismo
Heráclito inconstante, que es el mismo
y es otro, como el río interminable.

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AUSENCIA

Habré de levantar la vasta vida
que aún ahora es tu espejo:
cada mañana habré de reconstruirla.
Desde que te alejaste,
cuántos lugares se han tornado vanos
y sin sentido, iguales
a luces en el día.
Tardes que fueron nicho de tu imagen,
músicas en que siempre me aguardabas,
palabras de aquel tiempo,
yo tendré que quebrarlas con mis manos.
¿En qué hondonada esconderé mi alma
para que no vea tu ausencia
que como un sol terrible, sin ocaso,
brilla definitiva y despiadada?
Tu ausencia me rodea
como la cuerda a la garganta,
el mar al que se hunde.

Jorge Luis Borges

segunda-feira, 24 de maio de 2004

BOLA

Camacho foi, nos últimos anos, o único técnico que soube ''construir'' uma equipa.
Novamente o meu Benfica, sendo obrigado a mudar de treinador, segue o velho lema: ''baralhar e tornar a dar...''.

quinta-feira, 20 de maio de 2004

UM ANO E TRÊS DIAS DE CRÍTICO MUSICAL

Com um (indecente) atraso de três dias venho dar os parabéns ao Crítico, um dos meus blogues favoritos. Ao longo dos ultimos doze meses foi uma das poucas vozes a clamar contra a mediocridade generalizada no nosso meio musical. Soube elogiar entusiasticamente quando encontrou qualidade e profissionalismo; foi extremamente ácido com o laxismo e a incompetência.
Por tudo isso felicito a actual equipa desejando que a qualidade e acutilância se mantenham por muitos anos.

DIETER ROTH

MARCEL DUCHAMP

domingo, 16 de maio de 2004

E O CORAÇÃO ESTÁ SECO

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

Chega um tempo em que não se diz mais: meu iDeus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem ienormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a ivelhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma icriança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro idos edifícios
provam apenas que a vida prossege
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade
© Graña Drummond

quinta-feira, 13 de maio de 2004

BRAQUE


Maisons à l'Estaque, 1908.

A 13 de Maio de 1882 nasceu Georges Braque. Pintor genial cuja obra contribui para a afirmação do Cubismo enquanto corrente decisiva na Arte Moderna.

terça-feira, 11 de maio de 2004

TEMPO DE ANTENA

Hoje no Jornal da Noite da SIC foi transmitida uma ''entrevista'' ao Senhor Doutor Durão Barroso. Nesta curta ''peça jornalística'' (20 minutos? 30 minutos?) o Senhor Doutor respondeu a perguntas dificílimas da ''jornalista''. O canal de Pinto Balsemão contribui assim para esclarecer os portugueses sobre o bom caminho pelo qual o Governo os conduz.
Lembrei-me logo dos iluminados que sempre acusaram a RTP de submissão ao poder político. Como se pode constatar os canais privados são todos isentos e independentes.
Pensando melhor, o título deste post não é o mais apropriado. Nos Tempos de Antena toda a gente muda de canal, num programa de ''informação'' os espectadores acompanham tudo com atenção até ao fim.

OUTRA EFEMÉRIDE

Faz hoje 100 anos que nasceu (na Catalunha) Salvador Dalí. Bem mais famoso que Juan Gris e apesar disso não nutro grande simpatia por este surrealista, não me perguntem porquê....

JUAN GRIS


''Copo com Água e Cartas de Jogar'' 1913

Sul de França, 11 de Maio de 1913, falecia Juan Gris. Este pintor foi um dos pilares do Cubismo juntamente com Picasso e Braque. Um artista decisivo na transformação que a Arte sofreu ao longo do Séc.XX.

quinta-feira, 6 de maio de 2004

PEDIDO DE DESCULPAS...

...pelas imagens que aparecem no blog. O Angelfire decidiu lixar-me, portanto nos próximos dias terei de actualizar todas as fotos colocando-as em servidor alternativo.

PARA QUEM GOSTA DE POE

terça-feira, 4 de maio de 2004

JOSÉ GOMES FERREIRA

O GENERAL
("Depois de fortemente bombardeada, a cidade X foi ocupada pelas nossas tropas.")



O general entrou na cidade
ao som de cornetas e tambores ...



Mas por que não há "vivas"
nem flores?



Onde está a multidão
para o aplaudir, em filas na rua?



E este silêncio
Caiu de alguma cidade da Lua?




Só mortos por toda a parte.




Mortos nas árvores e nas telhas,
nas pedras e nas grades,
nos muros e nos canos ...



Mortos a enfeitarem as varandas
de colchas sangrentas
com franjas de mãos ...



Mortos nas goteiras.
Mortos nas nuvens.
Mortos no Sol.



E prédios cobertos de mortos.
E o céu forrado de pele de mortos.
E o universo todo a desabar cadáveres.



Mortos, mortos, mortos, mortos ...



Eh! levantai-vos das sarjetas
e vinde aplaudir o general
que entrou agora mesmo na cidade,
ao som de tambores e de cornetas!



Levantai-vos!



É preciso continuar a fingir vida,
E, para multidão, para dar palmas,
até os mortos servem,
sem o peso das almas.



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VIVER SEMPRE TAMBÉM CANSA

Viver sempre também cansa.
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinzento negro, quase-verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.

O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.

As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.

Tudo é igual, mecânico e exacto.

Ainda por cima os homens são os homens
soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.

E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...

E obrigam-me a viver até à Morte!

Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?

Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima de um divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.

Quando viessem perguntar por mim
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
''Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela.''

E virias depois, suavemente
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo...

segunda-feira, 3 de maio de 2004

PUBLICIDADE [VAMOS GOZANDO ENQUANTO PODEMOS]



''Eu dou Wiskas aos meus gatos, se os alimentasse com relva eles nem se mexiam'' 
ANAMNESE

Anamnese

FINALMENTE...

... o contador ultrapassou as 10.000 visitas.

sábado, 1 de maio de 2004

1º DE MAIO

A 1 de Maio de 1886, trabalhadores dos Estados Unidos fizeram uma greve geral exigindo as 8 horas de trabalho diário. Apesar das vítimas que tombaram por comemorar o Primeiro de Maio, nesse dia e ao longo dos anos, ainda não se cumpriu o objectivo inicial em muitas partes do Mundo, incluindo Portugal.
Sobre este dia deixo-vos aqui uma página de um site brasileiro de história.

Clique em "Mensagens antigas" para ler mais artigos fantásticos do Arquivo.

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